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O ex-diretor comercial da Alstom, o engenheiro francês André Botto, admitiu em depoimento à Justiça, que a direção da sede da multinacional autorizou pagamento de propina de 15% sobre um contrato de US$ 45,7 milhões para fechar um negócio com uma estatal paulista em 1998. A informação está na edição desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo. Essa é a primeira vez que um diretor da Alstom reconhece que houve suborno para conseguir fechar um contrato com o poder público paulista, sem que fosse aberta uma licitação.

Desde 2008, a Alstom bate na tecla de que nunca pagou propina e que está aberta para colaborar com as investigações. No depoimento, feito também em 2008, Botto disse que "o negócio era muito importante para a Alstom. Era importante ganhá-lo... Tivemos de pagar comissões elevadas, da ordem de 15% do contrato". Estima-se, portanto, que o pagamento tenha sido de R$ 7,8 milhões.

Em 1998, ano do pagamento da propina e quando o governado de São Paulo era Mario Covas, a Alstom reativou um aditivo de contrato assinado em 1983 com a Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) e com a Eletropaulo para venda de equipamentos. Pela regra, o contrato só tem validade até cinco anos depois da assinatura. Portanto, já havia caducado.

Botto disse que o valor do suborno foi pago pela Alstom e pela Cegelec, empresa comprada pelos franceses. Ainda de acordo com o depoimento, meta dos R$ 7,8 milhões foi repassado para a empresa MCA, do lobista Romeu Pinto Jr., que já admitiu que recebeu dinheiro da multinacional para pagar propina.

Alstom ainda nega

Mesmo com o conteúdo do depoimento indo a público, a multinacional francesa negou o pagamento do suborno. Em nota, a Alstom afirmou manifestar "seu veemente repúdio quanto às insinuações de que possui política institucionalizada de pagamentos irregulares para obtenção de contratos".

Ainda na mesma nota, a empresa voltou a dizer que "nunca se negou a prestar os esclarecimentos solicitados pelas autoridades" e afirmou lamentar que o conteúdo de investigações sobre "supostas condutas ocorridas há quase 20 anos, que por obrigação legal deveriam ser tratadas de fora sigilosa, venham a ser utilizadas de forma reiterada e desproporcional nos dias de hoje com claro intuito de denegrir a imagem de uma empresa".

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