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Rio de Janeiro - Ela é considerada uma técnica competente, leal aos seus superiores, exigente e às vezes pouco afável nas negociações - o que faz com que muitos a vejam como uma pessoa dura. Essa descrição, que poderia se referir a Dilma Rousseff, é na verdade de Maria das Graças Foster, atual diretora de Gás e Energia da Petrobras. Amiga da presidente eleita, seu nome é dado como certo nas bolsas de apostas políticas em Brasília para um cargo de visibilidade na nova gestão federal. Alguns apostam que ela poderá ser a primeira presidente da Petrobras ou mesmo ocupar a vaga que já foi de Dilma: a Casa Civil.

A história de Graça Foster, como é mais conhecida, reflete diversos pioneirismos. Funcionária de carreira da Petrobras, entrou na estatal como estagiária em 1978 e chegou a ser uma das primeiras mulheres a trabalhar "embarcada", ou seja, nas plataformas de petróleo em alto- mar. Ela ocupou diversos postos de prestígio na companhia e no setor energético. Esteve à frente, por exemplo, da BR Distribuidora e da Petroquisa.

Graça Foster já esteve na administração federal: foi titular da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia quando Dilma era a titular da pasta. Ali, coordenou o Prominp, programa de qualificação da indústria do petróleo, e o programa de biodiesel do governo.

- Ela nunca politizou seu trabalho, não tem o rabo preso com partidos ou grupos políticos. Acredito que é justamente esse perfil de técnica competente que a qualifica para postos mais elevados no futuro governo - afirmou Adriano Pires, especialista no setor e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), normalmente crítico à gestão petista no setor energético.

Mas foi no retorno à Petrobras - ela voltou à estatal para substituir Ildo Sauer na diretoria de gás, que tinha uma postura combativa contra Dilma - onde se fez mais conhecida e mostrou alguns traços de sua personalidade. Além de estar totalmente envolvida com o desenvolvimento do pré-sal, Graça Foster foi muito combativa na chamada "crise do gás", quando Brasil e Bolívia divergiram sobre a quantidade e o preço de combustível do país andino que viria para o Brasil.

Com isso, a empresa anunciou o corte no fornecimento de gás para algumas distribuidoras, como a CEG e a paulista Comgás. Graça Foster defendeu os interesses de Dilma, que queria garantir o fornecimento de gás às termelétricas, assegurando a geração de energia, em detrimento das distribuidoras. O enfrentamento foi grande, causou processos da CEG contra a estatal, mas a dupla Foster-Dilma ganhou a disputa, que foi amenizada no final: o corte no fornecimento não foi tão drástico quanto o previsto. O episódio serviu para mostrar duas de suas características marcantes: a lealdade a Dilma Rousseff e a dureza com que negociava:

- Ela assusta um pouco nas negociações. Não é do tipo simpática, inclusive com sua equipe. Soube de um empresário estrangeiro que ficou impressionado com o modo com que ela conduziu uma reunião, por sua forma ríspida - disse uma fonte que preferiu não se identificar.

Engenheira química, Graça Foster tem pós-graduação em engenharia nuclear pela UFRJ e conta com o respeito das pessoas com quem trabalhou:

- Ela tem sido uma boa parceira, é uma técnica muito competente e capacitada para desafios - afirmou Nelson Silva, presidente da BG Group Brasil, empresa britânica de gás.

- Conheci Graça Foster quando ela ainda não estava sob os holofotes. Ela é muito determinada e batalhadora, ninguém duvida de sua seriedade e competência - disse Romero de Oliveira, ex-presidente da Abegás, associação de empresas do setor.

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