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Lula deixa o velório de Marisa Letícia em São Bernardo do Campo | Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Lula deixa o velório de Marisa Letícia em São Bernardo do Campo| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O tom do discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no velório da ex-primeira dama Marisa Letícia, no último sábado (4), é um indicativo de que o petista permanece disposto a brigar por espaço em 2018, na tentativa de superar o fracasso da última gestão petista, com Dilma Rousseff, e o resultado das eleições do ano passado, quando o PT foi fortemente reduzido nos municípios.

Antes da morte da companheira de mais de 40 anos, o ex-presidente Lula estava sendo pressionado por aliados a se lançar como pré-candidato à sucessão de Michel Temer (PMDB) ainda neste primeiro semestre do ano.

Para aliados, a antecipação do processo eleitoral, além de dar força ao discurso da oposição, ajudaria o petista nos processos da Operação Lava Jato. Em sua defesa pública, o ex-presidente Lula tem repetido que a investigação possui viés político e que as denúncias contra ele seriam uma forma de minar qualquer tentativa de retorno ao poder.

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Agora, após o velório, apesar do forte discurso político feito pelo próprio petista durante a cerimônia, aliados são unânimes em dizer que o momento não é de conjecturas a respeito do quadro eleitoral.

Os planos da legenda para a principal figura da sigla, contudo, não teriam se alterado. A expectativa inicial era lançar o nome do ex-presidente Lula no mês de abril, durante o Congresso Nacional do PT.

Discurso ataca investigações

No sábado, durante sua fala emocionada em homenagem à mulher, o petista pontuou a ligação da ex-primeira-dama com o PT, relembrando episódios da construção da legenda, e, por fim, saiu em defesa do seu partido político, hoje extremamente desgastado. “A gente não tinha medo do vermelho quando era vivo, não tem medo quando morre. Ela está com uma estrelinha do PT no seu vestido e eu tenho orgulho desta mulher”, disse ele.

“Se alguém tem medo de ser preso, quero dizer que esse que está enterrando a sua mulher não tem. Tenho consciência tranquila. Tenho certeza da consciência e do trabalho da minha mulher. Não sou eu que tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam provar que as mentiras que eles estão contando são verdade. Querida companheira Marisa, descanse em paz, porque o seu Lulinha Paz e Amor vai continuar brigando muito”, avisou ele, ao se despedir da mulher.

“Nós precisamos que ele esteja na fronteira”, diz Gleisi Hoffmann

No primeiro dia de trabalhos no Congresso Nacional após a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, parlamentares repercutiram o discurso do ex-presidente Lula durante o velório. Ao subir na tribuna do Senado, a petista Gleisi Hoffmann (PR) iniciou rebatendo ataques: “Muitas pessoas criticaram, dizendo que ele estava politizando o velório. Como não falar de política alguém que viveu a sua vida inteira em função de política? Como não falar de política na morte de uma mulher que fez política o tempo inteiro, não a política pública, não a política parlamentar, não a política de mandato, mas a política no seu sentido de luta, de instrumento de mudança. Por que esse ódio contra a política?”.

A paranaense ganhou apoio do colega de bancada, Roberto Requião (PMDB): “O momento era sim para falar de política. Dona Marisa tinha um aneurisma identificado há mais de 10 anos. O que estourou foi a tensão brutal de alguns abusos de poder. O que eles queriam? O silêncio absoluto de Lula?”. “Todos nós temos que responder por nossos atos, mas a Justiça espetaculosa com certeza teve muito a ver com esse desfecho da doença da dona Marisa”, reforçou Gleisi.

Ao final, a senadora ressaltou o ponto do discurso do ex-presidente Lula no qual ele fala “que vai continuar brigando também para que o Brasil não tenha um retrocesso”. “Eu tenho certeza disso. Porque isso é do espírito do presidente Lula, um homem que fez tanto pelo País. Tenho certeza que numa adversidade como essa serve muito mais de força e incentivo para enfrentar a situação”, discursou a parlamentar. “Precisamos que ele esteja na fronteira [no front]”, reforçou ela.

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