Dois anos após crime que abalou a cidade, Reserva vive campanha eleitoral sem violência| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo
Veja onde fica Reserva

As famílias Hornung e Vosniak vão se enfrentar novamente em Reserva, nos Campos Gerais, mas desta vez será nas urnas. Em janeiro de 2006, o presidente da Câmara Municipal, Flávio Hornung Neto, assassinou a tiros o presidente do diretório local do PCdoB, Nelson Vosniak. Pouco mais de dois anos e meio depois, os dois candidatos a prefeito na cidade são Frederico Hornung Neto (PMDB) – primo de Flávio e que tenta a reeleição – e Luiz Vosniak (PT) – irmão de Nelson.

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A animosidade não é maior – acreditam alguns moradores – porque Flávio decidiu não tentar a reeleição. Informalmente, os comentários são de que a candidatura do vereador poderia prejudicar a campanha do prefeito e de que havia o receio de que o pedido de registro fosse negado.

Nas ruas, moradores evitam falar sobre o caso. Testemunhas do crime mudaram de cidade. Comerciantes não falam sobre a disputa eleitoral temendo represálias e declaram que o lugar ainda é dominado pelo coronelismo. Apesar de tudo isso, todas as pessoas ouvidas pela Gazeta do Povo disseram que, aparentemente, esta é a campanha mais calma da história local. "Logo depois do crime, o clima ficou ruim. Mas agora está tudo bem. É que aqui ninguém se envolve muito com política", conta a comerciante Valdirene Costa.

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Quando o delegado Carlos Tatsudi chegou a Reserva, recebeu o aviso de que havia sido designado para a "capital do chumbo". Não foram poucas as histórias que ouviu sobre a fama dos moradores de decidirem suas desavenças na base da bala. Mas, nos três meses em que está no município, a conclusão é de que está tudo calmo. "Acredito que o pessoal está se civilizando e percebendo que não dá para resolver questões na bala", diz.

O candidato Luiz Vosniak não aceita a idéia de que a morte do irmão fique impune, mas garante que está evitando qualquer tipo de conflito na campanha eleitoral. A intenção de fazer uma campanha pacífica, diz ele, começou na escolha do nome da coligação: Paz e Progresso. "Jamais me aproveitaria da morte do Nelsinho", assegura. O petista diz não acreditar que há uma disputa declarada entre as duas famílias na cidade. "A briga aqui era entre os Martins e os Hornung. Nós não somos de uma família tradicional aqui", afirma.

O prefeito Frederico Hornung Neto afirma que o assassinato não foi um crime político e prefere não comentar o caso. No Fórum, a informação é de que a chamada fase de instrução do processo – com depoimentos e laudos periciais – já foi concluída. Em breve, o caso será encaminhado para o Ministério Público para alegações finais e, posteriormente, enviado para sentença. Flávio alega legítima defesa, dizendo que Nelsinho havia feito provocações e que estava armado. O processo de cassação foi rejeitado pela Câmara e Flávio ganhou o direito de concluir o mandato. Passou a ser vice-presidente do Legislativo.