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O Disque-Denúncia está oferecendo uma recompensa no valor de R$ 2.000 por informações que levem aos responsáveis pelo atentado sofrido pelo delegado-adjunto da Divisão Anti-Seqüestro (DAS), Alexandre Neto , em frente ao prédio onde mora em Copacabana, Zona Sul do Rio, no domingo. O telefone para passar informações é o 2253-1177. Autor de denúncias sobre supostas atividades ilegais de um grupo de inspetores e do ex-chefe de Polícia Álvaro Lins, o delegado Alexandre Neto foi atingido por nove tiros, mas está fora de perigo.

O delegado contou que o ataque foi rápido e que os tiros partiram de um carro escuro com dois homens. No dia 16 passado, Alexandre Neto prestou depoimento na Polícia Federal e voltou a fazer acusações contra Álvaro Lins - que hoje é deputado estadual - e inspetores do grupo dos "inhos", presos por ligação com a máfia de caça-níqueis.

Álvaro Lins afirmou nesta segunda-feira que o suposto atentado "é um fato de extrema gravidade e deve ser alvo de uma investigação rigorosa e imparcial". O parlamentar divulgou uma nota quem que repudia, com veemência, "qualquer vinculação de seu nome ao crime covarde que envolveu o senhor Alexandre Neto". Álvaro Lins, que é ex-Chefe de Polícia do Rio, disse ainda que espera pela pronta recuperação do delegado Alexandre Neto e que ele "seja capaz de auxiliar na identificação de seus agressores".

O titular da DAS, Fernando Moraes, que foi baleado durante uma operação para libertar um empresário seqüestrado no sábado, disse estar convencido tratar-se de um atentado.

- Para o que foi, ele está ótimo. Temos certeza de que foi uma tentativa de assassinato e vamos investigar para tentar encontrar os mandantes - disse.

O secretário de Segurança Pública, José Maria Beltrame, foi no domingo à noite ao Hospital Quinta D'Or, para visitar o delegado Alexandre Neto. Ele disse que é questão de honra elucidar o crime.

- Neste momento, é temário fazer qualquer juízo precipitado. O que posso garantir é que a polícia vai chegar à autoria desse atentado - disse o secretário.

Considerado um policial temperamental e explosivo, Alexandre Neto, em sua carreira, extrapolou suas funções de delegado e adotou dentro da polícia um viés polemista, o que lhe rendeu muitos inimigos: escreveu, desde 2003, mais de dez artigos publicados no "Globo". A maioria deles faz duras críticas à atuação da Polícia Civil e denuncia a corrupção infiltrada na instituição, chegando a afirmar, em um deles, que a polícia ainda atuava "como no período da ditadura". Nos seus dois últimos textos, Neto criticou a ligação entre Lins e a deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ), inspetora de Polícia Civil, e o envolvimento destes com o grupo dos "inhos".

Escuta indicaria um plano de vingança

Os tiros contra Alexandre Neto partiram de um carro não identificado, que parou em frente ao Gol branco descaracterizado da Polícia Civil usado pelo delegado, estacionado na Rua Constante Ramos. O crime ocorreu na altura do número 68, em frente a um bar movimentado, e levou pânico aos moradores. Alexandre Neto teria elaborado um dossiê sobre supostas atividades ilegais praticadas por Álvaro Lins e o grupo dos "inhos" para beneficiar a máfia dos caça-níqueis. Socorrido por vizinhos e um oficial da Aeronáutica que o acompanhava, ele foi internado no Quinta D'Or, onde foi operado. De acordo com boletim médico do hospital, é bom o estado de saúde do delegado. Mas segundo os médicos que o acompanham, Alexandre ainda necessita ficar em observação por aproximadamente três dias.

Fontes da polícia informaram que haveria uma escuta recente em que inspetores do grupo dos "inhos" planejavam se vingar de Alexandre Neto. Em abril, o jornal "O Globo" publicou que o delegado também era citado numa escuta da Polícia Federal em que a inspetora licenciada da Polícia Civil Marina Maggessi, que hoje é deputada federal, conversa com o inspetor Hélio Machado da Conceição, o Helinho, do grupo dos "inhos", e sugere que ele dê "um monte de tiros nos cornos" do delegado.

Ao comentar o episódio do atentado contra Alexandre Neto, a deputada do PPS afirmou que ele tem muitos inimigos e que o fato poderia levantar suspeitas contra ela:

- Ele tinha tantos inimigos. E esse era o momento ideal para alguns deles atacarem o Alexandre, já que, devido à celeuma entre mim e ele, todo mundo ia jogar a autoria do atentado na minha conta. Mas, aconteça o que acontecer, tenho certeza de que a própria DAS fará um bom trabalho para saber o que houve, já que possui a melhor equipe de investigadores do Rio de Janeiro.

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