• Carregando...
Roberto Requião: defensor da candidatura própria do PMDB ao governo do estado em 2014, senador perdeu o comando da sigla em Curitiba por decisão da cúpula estadual | Lia de Paula/ Agência Senado
Roberto Requião: defensor da candidatura própria do PMDB ao governo do estado em 2014, senador perdeu o comando da sigla em Curitiba por decisão da cúpula estadual| Foto: Lia de Paula/ Agência Senado

Uma máxima da política brasileira diz que o PMDB, antes de ser um partido, é uma confederação de lideranças regionais, cujo objetivo é estar perto do poder. O slogan faz sentido. Da redemocratização até hoje, o PMDB, em algum momento, apoiou todos os presidentes eleitos. Nos governos do PT, o partido foi o aliado majoritário de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, sem se distanciar dos aliados tucanos nos estados.

De quando em quando, esses interesses diversos colocam os caciques do partido em rota de colisão. Foi o que ocorreu na última semana, quando o diretório estadual do PMDB dissolveu 72 diretórios municipais do Paraná, incluindo o de Curitiba. A medida foi vista como uma manobra para enfraquecer o grupo do senador Roberto Requião, que defende a candidatura própria do partido nas eleições do ano que vem. Quem assume o diretório de Curitiba é o deputado estadual Stephanes Júnior, aliado do governador Beto Richa (PSDB), que trabalha pela aproximação do PMDB com o tucano. Outro articulador da dissolução é o secretário-geral do partido no estado, o ex-governador Orlando Pessuti, aliado de primeira hora da ministra Gleisi Hoffmann (PT).

Os peemedebistas afastados reagiram. Prometeram ir à Justiça e apelaram à direção nacional do partido contra a medida. Requião, em nota divulgada em seu site pessoal, disse que a dissolução era o "começo do fim do partido no estado". Os aliados do senador falaram em "golpe", "autoritarismo" e "destruição" no partido.

Em clima de guerra civil, para onde, afinal, iria o PMDB local? Para lugar nenhum, em princípio.

Fogo brando

A reação de Requião e aliados à intervenção nos diretórios municipais faz parte do jogo democrático. Mas, na prática, não deve surtir efeito. Primeiro, porque a dissolução está baseada em uma norma prevista pela executiva nacional do partido, tendo respaldo legal, portanto. Além disso, é improvável que o PMDB nacional intervenha na disputa caseira.

"A direção nacional do partido vai cozinhar o PMDB em fogo brando até metade do ano que vem, perto da definição das candidaturas", diz o diretor-presidente do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

Segundo ele, até lá a candidatura de Requião pode servir de fiel da balança em uma disputa entre Richa e Gleisi. "Depende da evolução das pesquisas. De repente, a ala mais ligada ao governo federal pode querer a candidatura dele [Requião] para forçar um segundo turno com o governador. Por outro lado, a candidatura pode ameaçar a própria ida da Gleisi ao segundo turno. Embora esteja atrás nas sondagens eleitorais de momento, Requião tem peso para deixar um dos dois de fora do segundo turno", diz Hidalgo. Para ele, essa indefinição torna possível ao PMDB dialogar com todos os atores políticos, sem tomar partido antes do necessário.

O cientista político e professor da Uninter Doacir Quadros tem visão semelhante. Para ele, a dissolução dos diretórios municipais está longe de significar um ponto de ruptura para o PMDB no estado. "Um partido com as características do PMDB sempre expõe suas divisões perto do ano eleitoral. É o que está acontecendo agora. É uma queda de braço. O grupo que tiver mais chance de chegar ao poder deve sair vencedor", afirma.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]