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Ducci deixa a cadeira de prefeito dizendo que será candidato a algum cargo em 2014 e defendendo a sua gestão | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Ducci deixa a cadeira de prefeito dizendo que será candidato a algum cargo em 2014 e defendendo a sua gestão| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Prefeito diz que derrota não abalou seu grupo

Foi um mandato curto. Dois anos a frente da prefeitura de Curitiba. Porém isso não impede que Luciano Ducci (PSB) cite com orgulho seus feitos

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60%

Segundo o cientista político Emerson Cervi, da UFPR, esse é o índice mínimo que um prefeito precisa ter para ser reeleito. Abaixo disso, as chances são bastante pequenas. Entretanto, ele frisa que não se trata de uma ciência exata: as chances dependem, também, da força política dos concorrentes.

Derrotado nas eleições municipais, o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), deve deixar seu cargo em baixa no final do ano. Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, 42% dos eleitores curitibanos reprovam sua gestão – enquanto 53% aprovam e 5% não souberam ou não opinaram. Isso representa uma queda de 14 pontos porcentuais no índice de aprovação de sua gestão em apenas um ano – e, o mais grave para o prefeito, em um ano eleitoral. Falta de conexão com a população, desgaste durante a campanha e má avaliação da saúde contribuem para esse quadro.

Em abril de 2011, um ano depois de assumir a prefeitura em definitivo no lugar de Beto Richa (PSDB), Ducci era aprovado por 69% dos curitibanos. Esse índice oscilou dentro da margem de erro para 67%, em dezembro do mesmo ano e caiu para 53% nesta última pesquisa. Já a reprovação, pelo contrário, saltou de 26% para 42% – o número de eleitores que não respondeu à pesquisa oscilou entre 5% e 6% nos três levantamentos.

INFOGRÁFICO: Índice da gestão Ducci é um dos baixos da história recente da prefeitura

A pesquisa foi realizada com eleitores maiores de 16 anos no município de Curitiba, entre os dias 13 e 16 de dezembro. Foram entrevistadas 682 pessoas. A margem de erro é de quatro pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Desgaste

Segundo o cientista político Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná, 53% é um índice de aprovação baixo para Curitiba. De acordo com ele, esse índice é próximo da avaliação de Cassio Taniguchi no final de seu segundo mandato – uma das gestões mais mal avaliadas da história recente do município.

Cervi avalia que Ducci teve dificuldades de conexão com a população e com a opinião pública, além de ser um prefeito que pouco aparecia durante a gestão. Além disso, problemas na gestão da saúde e o excesso de obras durante o período eleitoral, que causaram transtornos à população, ajudaram a derrubar esse índice.

Já o diretor do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, avalia que os números mostram que o processo eleitoral causou um desgaste na imagem de Ducci. "A aprovação caiu bastante, mas isso tem muito a ver com o período eleitoral, quando sua gestão passou por um processo de desconstrução pelos outros candidatos", afirma. O atual prefeito foi apenas o terceiro colocado no primeiro turno, com 26,77% dos votos válidos.

Defesa

Apesar dos números mostrarem uma queda, o prefeito avalia o levantamento como positivo. "A pesquisa mostra que mais da metade da população aprova nossa gestão. No processo eleitoral, a cidade foi alvo de muitas críticas, o que refletiu na nossa aprovação", afirma Ducci. "Mas as pessoas começam a ver agora que Curitiba sofreu uma grande transformação urbana e social e é uma cidade bem diferente daquela mostrada pelos adversários", afirma ele.

O que fica?

A Gazeta do Povo faz um balanço geral da gestão que se encerra no dia 1.º de janeiro, focando algumas áreas da gestão pública.

Educação: O município conseguiu manter os bons indicadores de avaliação da educação infantil. Desde que teve início o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em 2005, a cidade aparece em primeiro lugar dentre as capitais. A taxa de analfabetismo baixou na última década – segundo o Censo, passou de 3,4% em 2000 para 2,1% em 2010. O atual prefeito enfrentou dois problemas durante sua gestão: as reivindicações de professores, que pedem um Plano de Cargos e Salários atualizado e outras melhorias nas condições de trabalho, e a demanda por vagas na educação infantil. Com a inauguração de mais oito creches nos últimos meses, o prefeito vai fechar o acordo que fez com o Ministério Público e abrir 9,3 mil vagas até o final deste ano, que era a demanda estimada em 2008. Mas a prefeitura prevê a necessidade de abertura de mais 15 mil vagas. "O orçamento do município fechará este ano com perto de 27% para a educação", diz Ducci.

Saúde: Luciano Ducci ganhou força na prefeitura como secretário de Saúde, pasta em que desenvolveu o premiado programa Mãe Curitibana. Mas foi justamente esta área um dos principais calos do prefeito no seu último ano como administrador. A alta demanda nas unidades de Urgência e Emergência ficou ainda mais problemática com a mudança no sistema de contratação, em maio deste ano. A prefeitura repassou essa função para a Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes), um órgão da administração indireta criado em 2010. O declínio no modelo de gestão dos centros de urgência ocorreu próximo ao encerramento do convênio, quando médicos, já sabendo do fim do contrato, começaram a descumprir seus horários. Novos profissionais da saúde foram contratados, mas os médicos continuam reclamando de contratos precários e de salários pouco atrativos. Ducci diz que está entregando a gestão com a construção iniciada de cinco unidades de saúde.

Transporte: O ligeirão azul, com uma terceira faixa na canaleta que permite ultrapassagem e diminui o tempo de viagem, foi uma das inovações da atual gestão. Além disso, Ducci implementou nos últimos meses o ônibus híbrido, que roda com energia elétrica e biodiesel e que está em cinco linhas convencionais, além do Interbairros I. Mas não conseguiu iniciar o projeto que pretendia ser a inovação para a área. A construção do metrô, que tem recursos do governo federal garantidos, será decidida por Gustavo Fruet. "Tem muita gente que apoiou o Gustavo [Fruet] que é contra o metrô. A cidade espera há muito tempo para ter um projeto de metrô consistente, para ter viabilidade, e quem apresentou esse projeto viável fomos nós", defende o prefeito.

Obras

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