Os publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes admitiram, perante o Supremo Tribunal Federal (STF), que podem ter recebido dinheiro de caixa dois do PT. A afirmação foi feita nas alegações finais que integram o processo do mensalão, que investiga a compra de apoio político de parlamentares por parte do governo federal. Ambos são acusados de evasão de divisas, por terem mantido conta não declarada no exterior, e de lavagem de dinheiro.

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"Aos acusados sempre pareceu que os valores recebidos por seu lícito trabalho eram oriundos, na pior das hipóteses, de infração prevista na legislação eleitoral (caixa dois mantido no Brasil e no exterior). Afinal, a relação dos acusados com o Partido do Trabalhadores já vinha desde 2001 e todos os pagamentos sempre foram autorizados e aprovados por Delúbio Soares, diretor tesoureiro do partido", diz o texto, assinado pelos advogados Tales Castelo Branco e Frederico Crissiúma de Figueiredo

Duda já havia admitido a possibilidade de ter recebido recursos de caixa dois em depoimento à CPI dos Correios, no Congresso Nacional, em 2005.

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Duda afirma desconhecer origem ilícita do dinheiro

No documento, a dupla alega que não pode ser condenada por manter conta no exterior sem declarar porque o Banco Central expedira normas em 2004 e em 2005 isentando de declaração quem tivesse movimentação bancária anual no exterior inferior a US$ 100 mil. Segundo os advogados, o saldo da conta que eles movimentavam em Miami tinha US$ 573,19 em dezembro de 2003. Um ano depois, US$ 175,10.

Os dois também dizem que não podem ser condenados por lavagem de dinheiro porque, para cometer o crime, o acusado precisaria ter conhecimento prévio da origem ilícita do dinheiro, o que não teria ocorrido. Outra hipótese seria se os dois tivessem cometido um crime anterior. "O mero depósito de valores em contas no exterior não caracteriza, per si, o crime de lavagem de dinheiro", diz o texto

Até quarta-feira (31), oito dos 38 réus do mensalão haviam apresentado alegações finais em defesa própria. O prazo final dado pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, é 8 de setembro. Depois disso, Barbosa vai elaborar seu voto. A expectativa é de que os réus sejam julgados no plenário da Corte no início de 2012.