Rena Calheiros é presidente do Senado.| Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil/Fotos Públicas

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu nesta terça-feira (23) o retorno do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) ao Senado, após ter passado quase três meses preso, para que os demais senadores possam “ouvi-lo e saber o que ele tem a dizer”.

CARREGANDO :)

Para o peemedebista, a Casa deve cumprir a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que determinou um regime cautelar em que o petista pode trabalhar durante o dia e deve voltar para casa à noite.

“O senador Delcídio vai exercer o mandato de senador na sua plenitude, na forma da Constituição. O que ele vai falar ou não vai falar é de foro íntimo. Quando o Supremo decidiu a primeira vez [pela prisão do senador], nós chancelamos. Agora novamente nós vamos chancelar a decisão do Supremo e ele exercerá o mandato”, afirmou Renan ao chegar ao Senado nesta manhã.

Publicidade

Marqueteiro do PT é preso e chega a Curitiba

Leia a matéria completa

O presidente do Senado evitou falar sobre as ameaças feitas por Delcídio a outros senadores para evitar, com isso, a sua cassação no Conselho de Ética da Casa. “Acho que essa coisa foi tão rápida e tão fulminante, que ele não falou. Talvez é um caso raro de alguém que não falou. Então é hora do senado ouvi-lo e saber o que ele tem a dizer”, disse.

Nesta segunda (22), a Folha de S.Paulo mostrou que o petista afirmou a interlocutores que se fosse cassado, levaria “metade do Senado” com ele. A frase foi entendida como uma ameaça de que está decidido a entregar seus pares caso lhe tirem a cadeira de parlamentar.

Uma das maiores preocupações do senador é ter o mandato cassado porque, com isso, ele perderia o chamado foro privilegiado e seu caso iria para a primeira instância. Lá seria analisado pelo juiz Sergio Moro, do Paraná, que tem sido célere em suas decisões envolvendo réus da operação Lava Jato.

Veja também
  • Acusações são ‘infundadas’ e Brasil vive clima de perseguição, diz Santana
  • PF deflagra 23ª fase da Operação Lava Jato
  • ‘Excepcional é o grau de deterioração da coisa pública’, rebate Sergio Moro
Publicidade

Em 1º de dezembro, dias depois da prisão do parlamentar, a Rede Sustentabilidade e o PPS assinaram uma representação para pedir a cassação de Delcídio sob a acusação de quebra de decoro parlamentar. O processo foi aberto pelo Conselho de Ética da Casa e o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi designado relator do caso.

Em entrevista, Delcídio negou veementemente as ameaças. “Posso não ser uma Brastemp, mas não sou burro nem louco de botar o Senado contra mim”, diz ele. O senador também negou colaboração com a Lava Jato: “Não há delação premiada alguma. Minha defesa é boa. Será feita nos tribunais superiores”.