O novo líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), disse nesta quinta-feira (15) que o governo não vai retomar as negociações com o Partido da República enquanto a bancada no Senado mantiver a postura de oposição. Braga disse ter sido "surpeendido" pelo anúncio, feito na noite de quarta-feira, de que os sete senadores do PR passariam a fazer oposição ao governo no Senado. O líder do partido na Casa, senador Blairo Maggi (MT), relatou que "se cansou" das infrutíferas negociações para indicação de um ministro no governo.

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"Não dá para conversar nesses termos. Estamos nos esforçando, mas com o clima posto pelos senadores (do PR), eu não tenho mais autoridade para continuar com essas tratativas", disse o líder.

Eduardo Braga acrescentou que conversou com Blairo Maggi na quarta-feira pela manhã e acabou sendo surpreendido pela postura da bancada anunciada no fim do dia.

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"Nós não entendemos a posição do PR no dia de ontem até porque havia um fato novo. Um novo líder assumiu as negociações e as tratativas estão reiniciando com uma nova interlocução com o governo. O líder do PR tinha conhecimento disso. No fim da tarde, fomos surpreendidos com essa posição. É necessário neste momento que o PR faça uma reavaliação para que possamos retomar qualquer tipo de diálogo", disse.

O PR perdeu o Ministério dos Transportes depois que o senador Alfredo Nascimento caiu, diante de denúncias de irregularidades na pasta. Em seu lugar, assumiu o então secretário executivo da pasta, Paulo Sérgio Passos. Embora seja filiado ao PR, os parlamentares do partido dizem que Passos não é uma indicação das bancadas. Maggi lembrou que o PR conversou por nove meses com o governo, depois de perder o ministério, sem qualquer retorno. O rompimento já foi informado à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

Apesar de afirmar que o PR precisa fazer uma reavaliação para que o diálogo possa ser retomado, o novo líder do governo no Senado disse ainda que procurará Blairo Maggi para uma conversa. Segundo ele, o líder do PR "não deixou portas fechadas" para uma retomada das negociações sobre um eventual espaço do partido na Esplanada dos Ministérios. Essa é a maior reclamação da bancada rebelada.

Nunca haverá total alinhamento entre PT e PMDB, diz Braga

Braga ainda comentou nesta quinta-feira a retirada da pauta da Comissão de Serviços de Infraestrutura da mensagem presidencial de recondução de Mário Rodrigues Junior ao cargo de diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O líder do governo na Casa afirmou que o adiamento da análise foi feito a pedido do próprio governo para reavaliação. "Foi pedida a retirada por orientação do governo porque o governo está reavaliando a ANTT", afirmou.

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O novo líder do governo disse ainda que pretende promover uma convergência de interesses políticos para assegurar a maioria de votos na Casa e garantir a aprovação de projetos de interesse da presidente Dilma Rousseff.

Tido por adversários como uma pessoa autoritária, o novo líder do governo deixou claro que sempre foi "firme e duro" em suas conversas. Entretanto, destacou que sabe ser humilde e pedir desculpas: "Tenho consciência das minhas limitações, mas também sei dizer não."

Sobre as relações entre o PMDB e o PT, os dois maiores partidos aliados do governo no Congresso, o parlamentar reconheceu que jamais haverá total alinhamento de posições. Ele comparou as relações partidárias com o relacionamento de marido e mulher, quando nem sempre ambos comungam do mesmo pensamento. Entre os peemedebistas, Braga disse que existe um movimento de pacificação interna em andamento. "O PMDB tem grande responsabilidade no governo e na governabilidade. Somos governo, temos o cargo de vice-presidente ocupado por Michel Temer."

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