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Explicações

Eficiência é a razão de tantas nomeações, dizem síndicos

Administradores que mais gerenciam empresas falidas em Curitiba negam ser favorecidos nas indicações feitas por juízes

Antiga sede da Megacred, em Curitiba, falida em 2001: empresa deve R$ 100 milhões a 4,5 mil credores | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Antiga sede da Megacred, em Curitiba, falida em 2001: empresa deve R$ 100 milhões a 4,5 mil credores (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)

Três dos cinco administradores de massas falidas que mais atuam em processos de Curitiba atribuem as repetidas nomeações nas Varas de Falência e Recu­­­peração Judicial à especialização na área empresarial e à eficiência técnica do trabalho que desenvolvem na condução dos processos. E negam que sejam favorecidos por juízes.

Acusado na CPI das Falências de ser participante de uma "quadrilha formada para fraudar falências", o advogado Marcelo Zanon Simão – que ao lado do sócio e irmão Fábio é responsável por 109 massas falidas só em Curitiba – rebate as denúncias feitas pelo deputado Fabio Camargo (PTB). "É uma acusação leviana, sem um mínimo de fundamento, jogada por um deputado", diz Simão, que informa já ter entrado com uma ação criminal contra Camargo e todos os depoentes da CPI.

Quanto às acusações de que teria recebido indicações preferenciais para massas com maior ativo, Simão declarou pelo seu advogado, Marlus Arns de Oliveira, que mais de 80% das massas são frustradas (sem ativo para liquidar).

A respeito dos dois processos que foram tratados com alarde durante a CPI – as falências da loja de departamentos HM e da empresa financeira Megacred – Simão nega qualquer irregularidade. Ele alega que a massa da HM tem apenas cinco imóveis para serem vendidos, incluindo um no centro de Curitiba, antiga sede da empresa, onde hoje funciona o escritório dos irmãos Simão. "Quando assumimos a HM , em 2009, a cota para administrar era enorme. Econo­­­mizamos mais de R$ 1 milhão em um ano, comprovados nos autos com parecer da procuradoria", disse Simão.

Quanto à situação da massa da Megacred, Simão diz que a assumiu há apenas um ano e que não pode ser responsabilizado por desmandos anteriores. "Se existem fraudes ou desvios, eles vêm de muito tempo. Encontrei uma situação dificil que estamos resolvendo com muito trabalho", garante.

Quanto a uma possível relação pessoal com o juiz Marcel Rotoli de Macedo, que lhe permitiria privilégio na 1.ª Vara de Falências, Simão diz que não tem nenhuma relação pessoal com o magistrado, apenas profissional, como as que mantêm com todos os demais juízes que presidem processos em outras varas.

"O escritório da família Simão é muito ativo e tem prosperado por conta do bom trabalho profissional que executa procurando o melhor encerramento das falências", afirma o advogado de Simão, Marlus Oliveira.

Depois das denúncias da CPI, três juízes já destituíram o escritório Simão da administração de massa falida sob alegação de quebra de confiança. "Todos os juízes que usaram a justificativa da CPI para a substituição serão levados ao tribunal", afirma Marlus Oliveira.

Ele diz que a CPI usou o escritório de Simão para atingir a família do juiz Marcel Rotoli de Macedo em função de uma disputa política com a família de Fabio Camargo no Tribunal de Justiça.

Boa atuação

Outro administrador de falências, o advogado Joaquim José Grubhofer de Rauli, especialista em direito empresarial e recordista de nomeação na 3.ª Vara da Fazenda de Curitiba, diz que a repetição das nomeações deve-se à boa atuação que teve à frente dos primeiros processos falimentares que administrou. "Os juízes me nomeiam porque confiam em mim e sabem que eu encerro as falências do modo mais rápido e transparente possível."

Esse também é o argumento do advogado Paulo Vinícius de Barros Martins, especialista em direto empresarial, um dos cinco que mais recebe processos falimentares em Curitiba. "A relação entre síndico e juiz é de confiança. O síndico faz o trabalho de campo que o juiz não tem como fazer", diz ele.

Tanto Martins quanto Rauli explicam que, em 90% dos processos que administram, a falência é frustrada – quando não há nenhum ativo na empresa que possa ser usado para pagar os credores.

O administrador Ayrton Correa Rosa, recordista de nomeações para massas falidas pela 2.ª Vara, disse que não se manifestaria sobre os processos em que atua. Clemenceau Merheb Calixto, síndico mais nomeado pela 4.ª Vara, está em viagem ao exterior e não foi localizado.

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