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Dona Lourdes e Charluan Correia caminham na Rua Irati, no bairro Santa Quitéria, em Curitiba, onde ficam seus comitês eleitorais: trabalho voluntário os une | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Dona Lourdes e Charluan Correia caminham na Rua Irati, no bairro Santa Quitéria, em Curitiba, onde ficam seus comitês eleitorais: trabalho voluntário os une| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo
  • Veja comparativo entre Charluan Correia e Dona Lourdes

Sessenta e um anos de idade e três quarteirões de distância separam a candidata mais idosa destas eleições no Paraná do terceiro concorrente mais novo no estado. O comitê eleitoral caseiro do candidato a deputado estadual Charluan Correia (PV), de 22 anos, fica exatamente na mesma rua, em Curitiba, em que está o comitê da vereadora curitibana Dona Lourdes (PSB), de 83 anos, que também tenta uma vaga na Assembleia Legislativa.

Além da vizinhança e do sonho de se tornar deputado, os dois têm em comum a realização de trabalhos voluntários de apoio a pessoas carentes. "Fico feliz de ver um jovem como ele com vontade de trabalhar pelo povo", afirma Dona Lourdes, que se encontrou com Charluan, a pedido da Gazeta do Povo, na Rua Irati, onde ficam os dois comitês, no bairro Santa Quitéria, em Curitiba. "Todo mundo reconhece o trabalho da Dona Lourdes aqui no bairro", retribui o jovem candidato, que faz trabalho voluntário em uma entidade que atende crianças carentes de Campo Largo e se classifica como um "ciberativista", bem ao estilo da nova geração que cresceu conectado à internet.

Constituições

Charluan nasceu em abril de 1988, apenas quatro meses antes da promulgação da atual Constituição. "Cresci na democracia, mas a nossa justiça social ainda está por fazer" afirma o candidato.

Já Dona Lourdes nasceu em 1927, quando o país ainda estava na chamada Primeira República, marcada pela política do café com leite – hoje apenas tema dos livros de história. De lá pra cá, o Brasil já mudou seis vezes de Constituição e ela viveu pelo menos duas ditaduras, a do Estado Novo getulista e a dos militares. Dona Lourdes conta que cresceu com a foto do ex-presidente Getúlio Vargas (1930-1945 e 1950-1954) na parede da casa. E diz que ficou sabendo do golpe militar de 1964 pelos jornais. "O Brasil mudou, mas a situação dos pobres continua a mesma", afirma a vereadora.

Estratégias eleitorais

Dona Lourdes afirma que não pretende mexer no seu "time" eleitoral – que, segundo ela, vem ganhando. "Minha campanha é aqui com a minha casa aberta para amigos e afilhados", afirma. Todos os dias dezenas de pessoas a procuram no endereço mais famoso do Santa Quitéria pedindo auxílio. "Nós ajudamos quem nos procura, principalmente idosos e pessoas carentes", afirma a vereadora.

Foi esse trabalho de assistência social que, em 2004, chamou a atenção do então vice-prefeito de Curitiba Luciano Ducci, que percebeu o potencial eleitoral de Dona Lourdes e a incentivou a filiar-se ao PSB. "Quando me dei por mim, estava eleita [vereadora] com mais de 6 mil votos."

Dona Lourdes conta ainda que fica triste com as limitações impostas pela Lei Eleitoral, que impede candidatos de fazer doações à população, sob o risco de isso ser interpretado como compra de votos. "A gente vê um morador de rua, uma pessoa que não tem nada na vida – quem dirá título de eleitor –, quer ajudar e não pode. Alguém pode dizer que é compra de votos. Mas é a lei. E, como vereadora, tenho de dar o exemplo", resigna-se a candidata.

Dona Lourdes diz também não ter nenhuma estratégia especial de campanha programada para conquistar votos no interior do estado.

Já Charluan pretende investir no eleitorado jovem, assim como ele, principalmente nos estudantes. Ele quer visitar as principais universidades públicas do estado, inclusive em cidades do interior, além de todas as instituições de ensino médio e superior da Curitiba, públicas ou privados.

O candidato do PV ainda afirma que pretende dosar estratégias eleitorais "antigas" com as mais "modernas" para pedir votos. "Nossa intenção é gastar sola de sapato, fazer o ‘corpo a corpo’ e também usar as ferramentas da internet", garante. "Um dos nosso objetivos é o eleitor do primeiro voto."

Doador de campanha

Outro traço comum dos dois candidatos da Rua Irati é o parentesco com os principais financiadores da campanha.No caso de Charluan, seu pai. "Ele é o único doador. Sei que é difícil concorrer com campanhas milionárias, que usam jatinho... Mas estou aqui porque acredito no que faço", afirma.

Dona Lourdes, por sua vez, sabe que a campanha à As­­sembleia será mais cara e mais difícil que a de vereador. Na última eleição para a Câmara Municipal, em 2008, toda a sua divulgação custou apenas R$ 5 mil, doados por um de seus genros. "A gente espera que alguém colabore um pouco [neste ano]. Mas, para dizer a verdade, a campanha cara não é comigo", garante Dona Lourdes, enquanto aguarda o telefonema do genro.

Mais novas

Charluan Correia é o terceiro candidato mais jovem destas eleições no Paraná. Existem outras duas concorrentes – Débora Cristina Ribeiro Gonçalves (PPS, de 21 anos) e Araceli Cristiani Friederich (PSL, 21 anos) – mais novas do que Charluan.

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