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 | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Osmar por Osmar

Confira algumas curiosidades e aspectos pouco conhecidos do candidato:

Definição de política

"É um instrumento que tem de ser utilizado para transformar a vida das pessoas para melhor."

Um ídolo na política

Lula.

Nota (de 0 a 10) para o governo Requião

7, pelas políticas sociais (depois da sabatina, pediu para rever a nota para 8).

Nota (de 0 a 10) para o governo Lula

9.

Nota (de 0 a 10) para José Serra no governo de São Paulo:

7 (após a sabatina, pediu para rever a nota para 6).

Esporte

Futebol.

Time

Corinthians. Torcia também para o Grêmio Maringá, mas o time foi extinto.

Jogador de futebol

Rivellino.

Um filme

O Preço da Paz, filme brasileiro que conta a história do curitibano Barão do Serro Azul.

Hobby

Jogar futebol. O senador tem um time de ex-profissionais mesclado com alguns assessores.

Um livro

A Bíblia e a Terceira Onda, do norte-americano Alvin Toffler, que trata da revolução científico-tecnológico.

Prato preferido

Churrasco.

Estilo musical

Sertanejo. Gosta das duplas Milionário e José Rico e Teodoro e Sampaio.

Horas diárias de sono

De 4 a 5 horas, durante a campanha.

O senador Osmar Dias (PDT) rebateu ontem, em sabatina realizada pela Gazeta do Povo, a crítica do adversário Beto Richa (PSDB) de que o pedetista não tem ética, feita no dia anterior pelo tucano no encontro promovido pelo jornal. Disse que o adversário mudou de comportamento. "Parece que o bom moço do começo da campanha derreteu", disse. Para o senador, antiético é quem não mantém a palavra – um ataque ao fato de o tucano ter abandonado o mandato de prefeito de Curitiba para concorrer ao governo, apesar de ter prometido ficar quatro anos na prefeitura.

Como proposta para aumentar o volume de investimentos no estado, Osmar prometeu renegociar a dívida contraída com a União para sanear o Banestado. "Sou o melhor candidato para negociar com o Tesouro Nacional." Sobre o apoio de Lula, disse que o presidente passou a ouvi-lo mais ao longo do segundo mandato. E que, por isso, mudou sua ideia sobre o governo petista: em 2006, o pedetista chegou a dizer que o governo Lula era o pior da história para os agricultores.

O candidato falou ainda em contratar mais 1,7 mil policiais militares por ano e afirmou que vai excluir o programa Leite das Crianças e os gastos com saneamento dos 12% da receita que o estado precisa, por lei, investir em saúde.

Durante sabatina [publicada ontem], o ex-prefeito Beto Richa contou detalhes de como teria se dado a negociação pré-eleitoral com o senhor. Disse, entre outras coisas, que se sentiu traído e usado pelo senhor, que teria esboçado integrar a chapa tucana como candidato ao Senado mas, no último instante, resolveu concorrer ao governo por outra aliança. Disse também que a sua candidatura faria parte de um "pacote" negociado pelo ministro [do Trabalho] Carlos Lupi, presidente do PDT, com o presidente Lula. E afirmou também que o que o diferencia do senhor é a questão ética.

Como avalia essas críticas?

A única coisa em que eu concordo com ele é que a gente se diferencia muito mesmo na ética, especialmente no conceito. Até os radares de Curitiba sabem quanto o Lula insistiu para que eu fosse candidato. É uma aliança que eu construí. Sempre disse que, se tivesse uma aliança, seria candidato. E também todos os radares – nem todos os radares – de Curitiba captaram que o prefeito falou muitas vezes para mim que havia sido eleito para ficar quatro anos. Então, quem traiu quem?

De acordo com Richa, o senhor foi à casa do prefeito Celso Silva [de Bandeirantes] e disse que não sairia candidato ao governo de jeito nenhum. Teria pedido, inclusive, para ele reservar a vaga de candidato ao Senado.

A reunião houve. O Celso Silva é meu amigo. Mas não significa que eu fui lá para dizer ao prefeito que não seria candidato. Antes da carta-consulta ao diretório do PDT [para avaliar a opção de Osmar integrar a chapa tucana como candidato ao Senado], houve uma carta do PSDB propondo a aliança com o PDT. Recebendo essa carta, eu fiz uma consulta ao partido, que me respondeu claramente: "A aliança só será possível se o PDT for cabeça de chapa, como havia sido acordado nas eleições de 2008".

O candidato Beto Richa, po­­rém, nega a existência de qualquer acordo para apoiá-lo nesta eleição.

Até os radares sabem desse acordo. Não quero mais falar disso. Tenho muito pouco tempo até o dia 3 [de outubro, data da eleição] para discutir as propostas para o Paraná. Esse bate-boca não me interessa. Aliás, cadê a aura de bom moço [de Richa]? Acabou? Aquele bom moço que foi fabricado derreteu?

Há acusações graves [feitas por Richa], como a que afirma que o senhor integrou um "pacote" negociado pelo ministro Carlos Lupi. É verdade?

É uma temeridade uma pessoa dessa [Richa] ser candidato ao governo, quanto mais ganhar a eleição. Não é possível. Vamos falar sobre o futuro do Paraná. Falar dessa inconsequência de uma pessoa que se mostra muito imatura é perda de tempo.

O senhor se arrepende de ter apoiado o Beto Richa na eleição para a prefeitura de Curitiba [em 2004] e na reeleição [2008]?

Na primeira, não, porque ele cumpriu o mandato. Na segunda, sim, porque não cumpriu o compromisso de ficar os quatro anos.

Voltando às críticas do seu adversário. Na segunda-feira, Richa usou termos como "milhões de razões", "pacote do Lupi". O senhor pode explicar melhor?

Pergunta para ele. São milhões de razões que me levaram a sair candidato. São 100 mil casas que eu quero construir; 550 mil famílias que vão receber o Bolsa Família, que quero defender. São 235 mil famílias que vão continuar com o Luz Fraterna [programa da Copel que concede isenção da tarifa de energia para pessoas com baixa renda]. Li outro dia na própria Gazeta que discutir o Banestado é discutir o passado [entrevista do ex-ministro Reinhold Stephanes]. Quero discutir o Banestado. Discutir o Banestado é discutir o passado, o presente e o futuro – até 2029, no mínimo. Porque R$ 800 milhões deixam de ser investidos no Paraná por causa da venda do banco do estado. Esses R$ 800 milhões [da dívida que o estado tem devido ao saneamento do banco] são as razões que me fizeram ser candidato. Para que o Paraná não seja entregue a quem causou esse rombo.

O senhor declarou em 2006, no Senado, que o governo Lula "era o pior que a agricultura brasileira já teve". Agora, Lula é seu cabo eleitoral e o senhor diz que é o melhor governo da história. Como explicar essa mudança?

Mudou porque o presidente Lula passou a aplicar dinheiro na agricultura familiar, de R$ 2 bilhões para R$ 16 bilhões [em investimentos]. Mudou porque ele aceitou a minha proposta para a criação do fundo de catástrofes, que é o seguro rural. Mudou porque ele abriu, a partir daí, linhas de crédito. O Lula mudou completamente a visão sobre a agricultura, e posso dizer que tenho muito a ver com isso. Depois dessa crítica [de 2006], fui convidado para conversar com o Lula. Conversamos muito sobre agricultura.

O senhor, porém, foi contra a entrada do PDT na base aliada, em 2007.

Fui contra exatamente porque eu não concordava com o primeiro governo do Lula em relação à agricultura. No segundo governo, ele mudou completamente. Eu nunca deixei de criticar o governo Lula. Recentemente votei contra o fator previdenciário [proposta do governo para aumentar o tempo de contribuição dos aposentados].

Durante a crise das passagens aéreas no Senado, o senhor foi acusado de utilizar bilhetes [pagos com dinheiro público] em benefício da sua família. Na época, o senhor falou que isso era permitido pelas regras. Mas houve um questionamento sobre a ética disso. O senhor não se arrepende?

Foi uma passagem que foi usada durante os 16 anos que estou lá [no Senado]. E, na época, os recursos liberados para o pagamento de passagens dos parlamentares pertenciam ao parlamentar. Era parte de um título chamado remuneração. Portanto, era lícito. Até o momento em que nós mesmos colocamos na lei, e eu era um dos cinco líderes que trabalharam nisso, e pedimos para que a mesa diretora do Senado estabelecesse uma regra clara separando a despesa com passagem da remuneração, para que não houvesse confusão. Portanto, aquilo que foi feito era perfeitamente lícito, ético.

Então, se o senhor pediu para mudar, é porque não concordava muito com isso?

Era para ficar claro. Não que houvesse irregularidade.

O senhor considera normal os parlamentares que estão em campanha continuarem a receber os salários do Congresso?

O regimento do Congresso diz que o parlamentar tem 60 dias de dispensas do Senado no período anterior às eleições. A campanha é um exercício do mandato.

Cada parlamentar tem toda uma equipe de assessores no Senado. Não há um risco grande de usá-los na campanha?

No meu caso, todos os meus assessores tiraram férias e estão de férias. No momento em que acabarem as férias, voltam para o Senado ou serão exonerados dos cargos.

Na Copel, o senhor pretende colocar um nome técnico para dirigir a empresa?

Em todos os órgãos de governo... Isso não significa que a gente não possa ter um político que tenha um perfil técnico. Mas a gente precisa priorizar a eficiência.

Sobre a Copa do Mundo. Ontem [segunda-feira], foi fechado o acordo para a conclusão da Arena. Uma triangulação entre a prefeitura, o governo e o Atlético. Qual é a sua opinião sobre esse acordo, já que ele envolve o governo do estado?

Eu penso assim: dinheiro público é para obra pública. Dinheiro público não pode ajudar a construir obras privadas. O BNDES tem uma linha de crédito para todos os estados, para todos os clubes de futebol que quiserem investir nos seus estádios para ser sede da Copa. Eu sou a favor de que o BNDES participe deste esforço. Agora, o governo do estado pode participar. Co­­­­mo? Fazendo as obras de infraestrutura para apoiar o acesso [ao estádio], para apoiar a mobilidade [urbana].

O orçamento do estado para investimento é de R$ 1,2 bilhão, o que não dá para fazer tudo o que é necessário. De onde o senhor pretende tirar o dinheiro para obras?

Primeiro, nós vamos ter um crescimento da arrecadação em função da economia, que esse ano deve ser de 6,5% ou 7%. Esse ganho em relação à receita vai repercutir positivamente na capacidade de investimento. Mas onde está o maior problema da capacidade de investimento do estado? Está na dívida [deixada pela privatização] do Banestado. Então, se a gente não negociar essa dívida, fica difícil falar em cortes de gastos. Essa dívida come metade da capacidade de investimento do estado. Hoje, o que o estado paga para o Tesouro já está em R$ 70 milhões mensais. Essa dívida tem de ser renegociada, principalmente porque não é justo continuar pagando uma dívida corrigida por IGP-DI mais 3%. Tem de rever esse indexador. Tem que rever o parcelamento dessa dívida. E, sobretudo, o montante dessa dívida. Não é possível que a União asfixie um estado com essa dívida, podendo a União abrir mão de parte do pagamento, como já foi feito com outros estados.

O senhor pretende esperar a regulamentação da Emenda 29 para aplicar 12% do orçamento na área de saúde, como determina a lei? Ou vai aplicar o porcentual desde o início do mandato?

Se você for ler a Constituição, o que o estado está fazendo [na atual administrção] é correto. Na Carta, está escrito que 12% é para a saúde e para aquilo que garanta a saúde. Então, se você pegar o programa Leite das Crianças, ele garante a saúde? Garante. É uma interpretação. O saneamento garante a saúde? Garante.

O senhor pretende seguir essa interpretação?

Não. Pretendo investir os 12% [em atendimento exclusivamente médico]. Até porque, com as estruturas que foram construídas [hospitais construídos pela atual administração estadual], não há não investir os 12%. Tem de equipar, colocar médicos. E, se você pegar também esses investimentos que foram feitos na construção e reforma desses hospitais, irá perceber que há um porcentual de investimento em saúde maior do que aquele que foi considerado pelo Tribunal de Contas para a saúde especificamente, mesmo tirando o Leite das Crianças e o saneamento. Chega aos 12% se você considerar esses investimentos feitos nos últimos anos. Agora, esse é um grande desafio para o próximo governo: fazer esses hospitais funcionarem. Porque hoje, para contratar um médico para uma UTI, você não consegue colocar dentro do salário do estado. E aí, quando você vai falar com o MEC [Minis­­­­tério da Educação] e com o Conselho Nacional da Educação sobre a necessidade de mais profissionais de saúde, existe uma dificuldade muito grande, uma barreira para a abertura de novos cursos [de Medicina]. A demanda cresceu e não há um acompanhamento na formação de profissionais de saúde. É preciso rever essa situação. O governo federal precisa rever porque essa posição tem trazido problemas para fazer funcionar a saúde pública no país.

Existem outras áreas com falta de técnicos. Dadas as condições financeiras do estado, o senhor acha que conseguirá contratar mais pessoas?

Na área da saúde já existe um concurso para 1,3 mil profissionais, que serão contratados. Na área de segurança existe um concurso para 4,2 mil policiais. O que nós temos que fazer é um cronograma. Como eu pretendo ficar os quatro anos no governo, e não um ano e três meses, eu quero cumprir esse cronograma. Por exemplo, na área de segurança são necessários 700 [novos policiais] para repor [o efeitivo], e mais mil [PMs] por ano.

Como o senhor pretende abordar o problema da desigualdade regional dentro do estado?

Se você pegar o Produto Interno Bruto (PIB) , 70% dos recursos estão em 30% dos municípios. Então existe realmente uma concentração de riquezas e uma distribuição que precisa ser corrigida. Como fazer isso? Você tem de levar os programas de governo às regiões mais deprimidas, mais carentes. Por exemplo: o Norte Pioneiro está perdendo população; é uma região que empobreceu. O que precisa ser feito lá? Existe uma vocação ali. A vocação ali são os hortifrutigranjeiros e há um mercado do tamanho da Argentina perto, que é o mercado de São Paulo. A região tem uma localização geográfica estratégica, o que é muito importante, considerando que também está próxima de Curitiba, Ponta Grossa e Londrina. Dá para levar para lá os programas de governo e atrair integradores de aves, integradores de suínos, a produção de fruticultura, hortaliças. E também construir ali uma central de armazenamento e abastecimento para permitir que esses produtores não tenham de sair correndo para vender os produtos em São Paulo. Aí, dá para fomentar a produção com base na vocação da região.

O senhor tem falado bastante com o presidente Lula e com a candidata Dilma. O senhor tem conversado sobre as denúncias sobre irregularidades na Casa Civil e na Receita Federal. Como o senhor vê essa situação?

É uma situação grave. A punição já começou. As pessoas envolvidas já foram demitidas.

Isso é suficiente?

Não. Mas agora os procedimentos vão para a Justiça. A Justiça é que deve tomar as providências.

Qual a maior diferença entre o senhor e o seu oponente, Beto Richa?

Me diferencio porque eu não censurei nenhuma pesquisa. Mesmo que elas fossem desfavoráveis, não impedi que elas saíssem. O meu adversário censura pesquisa, censura colunista, isso é uma diferença grande. A outra coisa é que eu costumo cumprir minha palavra. O que eu falo eu cumpro. E nós temos conceitos diferentes sobre ética também.

Qual seu conceito de ética?

Quando empenho a palavra, registro em cartório, acho que é antiético não cumprir.

Participaram da sabatina os jornalistas André Gonçalves, Carlos Eduardo Vicelli, Celso Nascimento, Eduardo Aguiar, Fernando Martins, Oscar Röcker Netto, Rogerio Waldrigues Galindo e Rosana Félix

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