O professor de Estudos Brasileiros e diretor do Centro Latino-Americano da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Timothy J. Power, disse que o Brasil vai ter menos participação presidencial na área externa qualquer que seja o candidato eleito. Segundo ele, tanto Dilma Rousseff (PT), quanto José Serra (PSDB) "são gerentes, são basicamente pessoas que vão gerenciar o governo brasileiro e não presidir o governo como o Lula" em relação à política externa.

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Power, porém, disse não ver isso como algo negativo, e o impacto na imagem do Brasil deve ser "superficial", afirma. "Lula gosta muito mais dos aspectos cerimoniais da Presidência. Por isso, houve no governo Lula uma 'presidencialização' muito forte da política externa. As pessoas identificam o Brasil com o Lula por causa da sua participação direta nas cúpulas e das suas viagens", disse, em português fluente.

"Ganhe Serra ou Dilma, isso vai mudar, porque nenhum dois tem essa vocação de 'frequent flyer' [voador frequente, em tradução livre], como o Lula tem. Os objetivos da política externa vão ficar estáveis, mas com menos participação direta do presidente." Nesta sexta-feira (22), ele esteve presente em um seminário sobre anistia no Brasil promovido em Oxford.

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Imagem das eleições no exterior"A visão das eleições brasileiras no exterior é que se trata de uma eleição com candidatos muito bons, democratas, com passado de resistência e tradição de centro-esquerda. Foi a primeira eleição em que praticamente não houve candidato de direita", disse o professor.

Segundo Power, Dilma e Serra têm propostas não muito diferentes. "Acho que dentro do Brasil existe uma polarização muito grande entre os militantes do PSDB e do PT do outro candidato, mas não acho que seja bem assim. Acredito que os dois têm compromissos macroeconômicos alinhados com a política econômica dos últimos oito anos, compromissos com a política social do Lula, e compromissos em manter a posição do Brasil nos organismos internacionais."

Na análise do professor, é bom para o Brasil ter um segundo turno "para ver os dois candidatos sozinhos no palco debatendo". Uma escolha binária que o Brasil tem agora é muito mais lúcida porque fica entre Dilma e Serra, e não entre a mulher [indicada pelo] do Lula e Serra", afirmou.

Para ele, é errôneo dizer que Dilma não tem experiência política. "Ela não tem experiência eleitoral, mas política ela tem, tanto na resistência política como depois do 'mensalão' que se tornou uma espécie de primeira-ministra, presidindo reuniões ministeriais por cinco anos. Ela foi uma super-ministra. O que ela não tem é experiência eleitoral."

Em relação a Serra, Power ressalta também que não é verdade que ele seja desconhecido fora do Sudeste e Sul. "Ele é conhecido como figura política há décadas, desde quando foi presidente da UNE [União Nacional dos Estudantes]. Em 2002, as eleições mostraram que o PSDB já tinha pouca penetração no Nordeste, quando não havia Bolsa Família. Então, não é algo do Serra, acredito."

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