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Livros considerados raros em sebos ou até mesmo que ainda serão lançados poderão ajudar quem busca saber mais sobre seis dos nove candidatos à Presidência da República. A relação das obras escritas pelos presidenciáveis ou sobre eles inclui biografias, relatos de viagens, análises políticas e ensaios sobre o futuro do país.
Levantamento do G1 confirmado pela assessoria dos candidatos localizou obras relacionadas a Ivan Pinheiro (PCB), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio Arruda Sampaio (PSol), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU).
Não foram indicadas pelas assessorias obras ligadas a Dilma Rousseff (PT), José Maria Eymael (PSDC) e Levy Fidélix (PRTB). No caso de Dilma, uma biografia chegou a ser cogitada na pré-campanha, mas a ideia foi abandonada, segundo integrantes da equipe petista. Questionada pelo G1 desde maio, a assessoria da candidata não indicou qualquer obra ligada à ex-ministra já publicada.
Marina Silva não figura na lista dos escritores, embora cultive o hábito de escrever poemas e já tenha duas letras musicadas. Entretanto, a senadora acreana, de origem pobre e alfabetização tardia, já teve a vida contada em três biografias, de acordo com sua assessoria. A mais recente será ainda publicada em agosto pela Editora Mundo Cristão.
A escritora da obra ainda inédita "Marina A Vida por uma causa" é a jornalista Marília de Camargo César, que trabalha como editora-assistente da área de projetos editoriais do jornal "Valor Econômico".
"Ela me surpreendeu positivamente. Diria que é uma pessoa que tem um sentido de missão. Ela luta pela vida", conta a jornalista, que começou o projeto no fim de 2008.
Cristã, assim como Marina, a escritora ressalta a importância da fé na vida da candidata e conta que o livro aborda com detalhes o momento de adesão de Marina à orientação evangélica. "Ela se converteu durante um processo de enfermidade, teve uma experiência meio mística", conta a escritora.
José Serra também tem a vida contada em uma biografia, "O Sonhador que faz", de Teodomiro Braga, lançada em 2002. Na lista de presidenciáveis, Ivan Pinheiro é outro que teve a vida retratada em livro: "Atitude Subversiva", de Hiran Roedel. "É um livro de trajetória, com fotos e documentos, porque não estou tão velho para uma biografia", brinca o candidato, que tem 64 anos. Marina tem 52 e Serra, 68 anos.
Plínio Sampaio, com seus 80 anos incompletos, prefere não pensar ainda em livro sobre sua vida, mas coleciona quase 20 títulos que escreveu sozinho ou para os quais contribuiu. A obra de Plínio pode ser dividida em livros de caráter mais acadêmico e outros com enfoque popular.
"A que gosto mais é a literatura popular, que pessoas com primário bem feito podem entender", disse. Com essa preocupação escreveu "O que é corrupção" e "Construindo o Poder Popular", entre outros.
O único relato de viagem entre as obras listadas é de Ivan Pinheiro, que em 1985 contou suas impressões sobre a Bulgária, país que esteve sob a influência da ex-União Soviética após a Segunda Guerra Mundial e cujo governo comunista terminou em 1990.
"Achava que ali não tinha risco de restauração capitalista. Do ponto de vista do prognóstico eu errei e me decepcionei", avalia. Apesar disso, mantém a convicção ideológica. "O erro não estava no socialismo, mas na forma como ele estava sendo conduzido", explica. Pinheiro espera lançar em agosto uma coletânea de artigos.
Troca de livros
Se a leitura é uma opção válida para eleitores conhecerem seus candidatos, é também opção até mesmo para companheiros de chapa se entrosarem. Recentemente, Serra e o deputado federal Índio da Costa (DEM), escolhido para vice do tucano, trocaram livros escritos por eles próprios.
De acordo com a assessoria de Indio, dois dias após a indicação, Serra presenteou o vice com seus livros "Ampliando o Possível", "Orçamento no Brasil", "Reforma Política no Brasil" e "Sonhador que Faz". Por sua vez, Indio deu para Serra na quinta-feira (8) o livro "A Reforma do Poder e Administração Pública no Século XXI", escrito pelo deputado.
O G1 solicitou entrevistas tanto com Serra, Dilma e Marina, mas não teve os pedidos atendidos até a publicação desta reportagem. No caso do presidenciável tucano, a reportagem localizou outros títulos que seriam assinados pelo tucano, mas não recebeu confirmação da equipe de Serra.
Conhecer mais
Candidatos e escritores não apontam a bibliografia como fator definidor de votos, mas destacam sua importância na elaboração das escolhas. "Não acho que [o candidato] precisa ser um literato. Um governante precisa ter outros parâmetros, mas um governante precisa ter um pensamento bem expresso", defende Plínio Sampaio.
Para Ivan, a propaganda política limita a compreensão dos candidatos. "O eleitor deveria se preocupar mais com a trajetória de cada um. Os candidatos são vendidos como produtos pelos marqueteiros, eles não vão dizer o que pensam, mas o que os marqueteiros estudaram em pesquisas de qualidade."
A escritora que biografou Marina defende posição semelhante. "É importante conhecer um pouco mais da história na qual você talvez vá depositar um voto. É muito importante saber quem fez a cabeça dessas pessoas, quais são as grandes influências, como é a família, como essa pessoa se relaciona com os mais próximos", afirma. "No final, tenho a consciência de que é uma minoria que tem acesso [aos livros], mas é bastante importante se munir", define.



