Em entrevista à revista IstoÉ desta semana, a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra defendeu-se das acusações de fazer tráfico de influência e favorecer empresas em negociações com o governo, juntamente com o filho e com outros membros de sua família. Ela admite, entretanto, que o ex-servidor Vinícius Castro, sócio de seu filho Israel Guerra, pode ter praticado tráfico de influência na Casa Civil.

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Ao afirmar que deixou recomendações claras para seu sucessor, o interino Carlos Eduardo Esteves Lima, de "não deixar pedra sobre pedra" e de investigar as acusações até o fim, Erenice afirma que é possível que Vinícius Castro, ex-servidor e sócio de Israel Guerra, tenha praticado tráfico de influência. "Foi uma traição, uma completa traição", disse a ex-ministra.

Perguntada se esse tráfico teria acontecido sem seu conhecimento Erenice foi taxativa: "Absolutamente sem meu conhecimento". "É óbvio que se eu imaginasse qualquer tráfico de influência na Casa Civil teria determinado as medidas investigativas necessárias. Se não fiz, foi porque isso não me ocorreu. Agora será feito."

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Erenice Guerra voltou a afirmar que as denúncias fazem parte de uma campanha "sórdida e implacável" e "absolutamente vinculada ao momento político-eleitoral". Segundo a IstoÉ, ela teria tomado a decisão de deixar o ministério após conversa por telefone com a candidata do PT à Presidência da República e ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ainda segundo a publicação, antes de pedir demissão Erenice teria perguntado se prejudicaria a candidatura de Dilma se deixasse o cargo.

Ela reafirmou que seus sigilos bancário, fiscal e telefônico estão disponíveis para investigações. "Eu não sou o (candidato do PSDB à Presidência, José Serra) que briga para manter o sigilo da filha. Meu filho se chama Israel, e não Verônica. Ninguém está brigando na Justiça para manter o sigilo", afirmou, sustentando que toda sua família está disponibilizando seu sigilo fiscal, bancário e telefônico.

Erenice argumentou que, apesar de confiar no filho, não tem absoluto controle sobre suas ações e seu trabalho. "Depois que uma pessoa passa a exercer um cargo público, seus filhos devem parar de se relacionar, trabalhar e ter amigos?", questionou. "Terão todos que viver à minha custa?" A ex-ministra defende que a sociedade reflita sobre essa questão.

Sobre a autoria das acusações, a ex-ministra preferiu não comentar as suspeitas de que seja resultado do fogo amigo petista. "Prefiro não me manifestar sobre isso. Seria uma dor a mais. Há uma disputa de cargos no futuro governo, o que é natural."