Campo livre para campanha política, a internet também se transformou na eleição deste ano em uma central de boatarias e de versões distorcidas de notícias. Quem nunca recebeu um e-mail com alguma "revelação" terrível sobre o passado de Dilma Rousseff (PT)? Ou não leu algo na rede prevendo um futuro tenebroso para o país caso José Serra (PSDB) seja eleito presidente?
Os boatos, em especial, ganham terreno na medida em que o eleitorado não conhece bem o candidato. Sob esse aspecto, o presidenciável tucano leva vantagem sobre a petista. "A identidade da Dilma é desconhecida para a maioria da população. E a imagem que ela passa tem a ver com a reputação", observa a relações-públicas Célia Retz, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em opinião pública.
De fato, o alvo preferido da boataria que corre na rede até agora tem sido Dilma Rousseff (PT). O número de e-mails contrários a ela é muito maior do que os que fazem campanha contra o presidenciável tucano. De acordo com Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), a candidata petista está pagando o preço de nunca ter disputado uma eleição. "O passado conta, e por isso é natural que seja vasculhado. Mas deve ser dentro das regras de uma boa discussão política", pondera.
Porém nem todas as informações que correm na rede a respeito dos candidatos estão dentro dessa boa discussão política destacada por Monteiro. Muitas são infundadas e espalham mentiras. Como no caso do texto que informa que Dilma não poderia entrar nos Estados Unidos porque teria participado do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, na década de 1960. A ex-ministra, na verdade, não participou da ação e não existe qualquer impedimento a sua entrada nos Estados Unidos ou em qualquer outro país.
Outras mensagens on-line conseguem sair da rede e pautar até mesmo o debate político. Caso do aborto, que se transformou num dos principais focos de discussão dos presidenciáveis neste segundo turno, mas já era tema de e-mails e vídeos na internet desde a primeira etapa do pleito. Muitos dos textos que tratam do posicionamento de Dilma e Serra a respeito do assunto têm um fundo de verdade. De fato, Dilma já defendeu a descriminalização da prática e Serra foi quem assinou a norma técnica que prevê o procedimento que deve ser adotado pelo SUS nos casos de aborto previstos pela legislação.



