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Indio da Costa, observado por Michel Temer: "se ganhar, eu doo meu salário". | Hélvio Romero / Agência Estado
Indio da Costa, observado por Michel Temer: "se ganhar, eu doo meu salário".| Foto: Hélvio Romero / Agência Estado

Debate

"O mensalão se transformou na ocupação de cargos. Parou de ser distribuído dinheiro, mas passou a se distribuir poder."

Indio da Costa (DEM), vice na chapa de José Serra (PSDB).

"A corrupção era uma coisa endêmica no país. E aos poucos, veja o mensalão do DEM, houve uma apuração, e essa gente está sendo processada."

Michel Temer (PMDB), vice na chapa de Dilma Rousseff (PT).

São Paulo - Troca de acusações marcaram o debate ontem entre os candidatos à Vice-Presidência da República. No encontro organizado pelo jornal O Estado de S.Paulo, o companheiro de chapa do tucano José Serra, Indio da Costa (DEM), escolheu Dilma Rousseff (PT) como alvo de suas críticas, ressaltando a convocação da presidenciável petista na CPI dos Cartões Cor­­­porativos, em 2008. "Quem encabeçava a lista [de convocados para a CPI] era Dilma, por mau uso do cartão corporativo."

Indio da Costa voltou a questionar a relação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com o PT e com a candidata da legenda, destacando que Dilma ainda deve explicações sobre o assunto. O deputado disse que se fosse chamado para um encontro com os membros desse movimento, levaria a Polícia Federal para prendê-los.

A ligação de Dilma às Farc provocou reação imediata do deputado Michel Temer (PMDB), vice na chapa de Dilma. "Relacionar Dilma com o narcotráfico é uma coisa grave. Não me parece que isso seja fato."

Temer ao se apresentar afirmou que como vice deve "participar e colaborar" com "a presidente da República". E citou que tomou gosto pela política já aos 18 anos, quando participou da direção de um centro acadêmico. Depois, refutando Indio da Costa, garantiu que não há relação nenhuma entre o governo brasileiro e as Farc e argumentou que Dilma é uma mulher que combate as drogas. O peemedebista ironizou o deputado Indio da Costa com relação à afirmativa do democrata de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs que a guerrilha colombiana se transformasse em partido político.

"Nunca ouvi isso, mas se ele [Lula] falou, talvez estivesse propondo um caminho democrático, porque não quer nada de movimento guerrilheiro, nada de subterrâneo", afirmou Temer.

No embate entre Temer e Indio, o vice de Marina Silva (PV), Guilherme Leal arrancou risos da plateia ao dizer que não gostaria de entrar na polêmica aberta pelo "aguerrido deputado Indio da Costa, com seu arco e flecha". Porém, destacou que a política brasileira precisa ser oxigenada, precisa de mais transparência e ser pautada por valores. "É provável que o narcotráfico esteja de alguma forma permeando segmentos da política brasileira, de diversos partidos, em diversas regiões", advertiu o vice de Marina.

Leal apresentou-se como um "empreendedor entusiasmado", que agora entra para a política por acreditar na mudança representada pela candidata verde.

MST

Indio da Costa acusou também o governo federal de ser "frouxo" com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), rebatendo Temer, que havia dito pouco antes que um eventual governo de Dilma "não toleraria o que está fora da lei". "Essa pode ser a posição de Temer, mas não é de Dilma. Ela botou o boné do MST confraternizando com o pessoal deles. Depois [João Pedro] Stédile [líder do MST] disse que no governo Dilma ia ser ‘molezinha’ invadir terra", rebateu Indio. "Esse go­­­verno tem sido frouxo em relação às invasões. Com essa história de botar e tirar boné, o governo deixa dúvida se é frouxo ou apoia", afirmou o vice de Serra, lembrando que o repasse de recursos públicos para o MST mostra "apoio" ao movimento.

De sua parte, Temer disse acreditar que no governo de Lula os movimentos sociais foram "pacificados". Indio alegou que, recebendo recursos públicos, as organizações se tornaram "aliadas" a Lula. O democrata afir­­mou ainda não considerar o MST um movimento social.

Independência

No debate, os candidatos à Vice-Presidência da Repú­­­bli­­­ca concordaram num ponto: não há necessidade de formalizar a independência de atuação do Banco Central (BC). Os três avaliaram que o modelo atual funciona e não deve ser alterado.

"É melhor a autonomia real, não formalizada", disse Temer, lembrando que o atual presidente da instituição, Henrique Meirelles, "tem liberdade de ação extraordinária". "Em mo­­­mento algum se soube que o governo tenha interferido em decisões do BC", completou o vice na chapa de Dilma.

Independência do BC

O vice de José Serra tem a mesma posição. "O BC tem de atuar com independência desde que converse com os ministérios da Fazenda e do Planejamento", afirmou ele, ressaltando que o modelo atual foi "uma das boas coisas" que o governo Luiz Inácio Lula da Silva manteve da gestão anterior, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Leal, vice de Marina Silva, concordou: "(O BC) está funcionando bem. Não precisamos mexer."

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