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Tucano justifica aliança com investigados

"Não tenho compromisso com o erro." Foi dessa forma que o candidato ao governo do Paraná Beto Richa (PSDB) justificou ontem o fato de ter na sua coligação deputados estaduais investigados sobre casos de corrupção e de desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa.

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A troca de acusações marcou o encontro entre os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto para o governo do estado, o pedetista Osmar Dias e o tucano Beto Richa, ontem à tarde, em um evento promovido pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) para debater propostas de infraestrutura. O pedetista lembrou que Richa votou a favor da venda do Banestado, segundo ele "um negócio mal-explicado". O tucano respondeu que seu adversário foi favorável à federalização do banco e tem sido "maldoso" ao dizer que ele pretende privatizar estatais paranaenses caso seja eleito.

Osmar foi o primeiro a falar e já no início criticou a privatização do Banestado, que teve o voto favorável de Richa quando era deputado estadual. "Querem saber por que fico indignado com a venda do Banestado? É um negócio muito mal feito e mal explicado, que acabou resultando em um prejuízo de R$ 16 bilhões. É uma conta que vamos pagar até 2029. Essa dívida deixou uma marca profunda no estado, inviabilizando investimentos", disse Osmar, que tocou no assunto pelo menos três vezes e agradeceu a Deus pelo fato de a Copel não ter sido vendida. "Se toda vez que uma estatal estiver mal ela for privatizada, não teríamos mais nenhuma empresa pública. Se o Banestado tivesse sido recuperado, o Paraná teria o dobro da capacidade de investimento que tem hoje."

Richa acusou Dias de ter votado a favor da federalização do banco. "Sei que meu adversário, de forma maldosa, tem dito que vou privatizar as empresas públicas. Acho que ele deveria se preocupar em apresentar propostas", afirmou. De acordo com o tucano, caso ele seja eleito, a Copel, a Sanepar e o Porto de Paranaguá não serão vendidos. Richa disse ainda que a afirmação do adversário de que não há ninguém de seu grupo ligado à privatização não é verdade. "Ele só tem do lado dele o presidente do Banestado na época, que articulou a venda. É só ele perguntar para o Reinhold Stephanes por que o banco foi vendido."

Outro tema comentado pelos candidatos foi a Linha Verde de Curitiba. Segundo Osmar, em vez de melhorar o tráfego na região, a obra dividiu a cidade em duas. "Precisariam ser construídas trincheiras e viadutos, e isso não foi feito", disse. Richa alegou que os benefícios da Linha Verde para o trânsito de Curitiba são inquestionáveis. "Só critica quem não conhece direito. Eram quatro faixas e hoje são dez. As trincheiras e viadutos não foram feitos porque tivemos de dar continuidade ao projeto proposto pela administração anterior, que não previa isso."

Agenda da indústria

A proposta do evento era a entrega de dois documentos aos candidatos: a Agenda da Indústria, feita pela Fiep, e o Plano Estadual de Logística e Transporte (Pelt) 2020, produzido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR) em parceria com a Fiep, o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e o Sindicato da Construção Pesada (Sicepot).

Entre uma acusação e outra, as propostas para infraestrutura ficaram em segundo plano. Os dois adversários se comprometeram a estudar e atender às reivindicações e disseram que, coincidentemente, a maioria das intervenções sugeridas já é contemplada em seus planos de governo. "Claro que temos de avaliar se algumas obras estão dentro da capacidade orçamentária do estado. Preciso de mais tempo para isso, mas sinto que temos uma sintonia muito grande com o que os empresários estão pedindo", afirmou Osmar. Richa disse que a Fiep e outras entidades do setor serão parceiras do seu governo. "Podem ter certeza de que as propostas serão incorporadas ao nosso plano, até porque muitas delas já estão." Os candidatos tiveram 45 minutos para apresentar suas ações e mais 45 minutos para responder a perguntas.

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