Nova estratégia mostra atitude, mas pode ser prejudicial

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Dilma voltou a ser Dilma. É o que dizem especialistas em comunicação política ouvidos pela Gazeta do Povo sobre a mudança de postura da candidata – muito mais combativa e recheada de ataques ao adversário José Serra (PSDB). "Demonstra atitude e autonomia. Se antes ela estava atrelada ao Lula, mostrando-se apenas como a corresponsável pelo sucesso do governo, como a candidata da continuidade, agora aparece mais fiel ao que é de fato", analisa Alessandra Aidê, cientista política e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

A mudança de discurso, contudo, pode gerar prejuízo nas urnas, alerta a especialista em comunicação eleitoral Cila Schulman. "É fato que ela voltou a ser ela. Mas, obviamente, o eleitor irá se perguntar: ‘Em quem eu acredito, na Dilma do 1.º ou do 2.º turno? Qual é a verdadeira?’ Isso deixa quem vai votar desconfortável e pode acabar funcionando como um tiro no pé", diz Cila, que integrou a equipe de marketing do ex-governador Jaime Lerner. "Já o Serra, por ser mais experiente, continua na mesma", acrescenta ela.

De acordo com Cila, a mudança de comportamento da petista está atrelada também ao resultado do 1.º turno. "A realização do 2.º turno soou como uma derrota para a Dilma e uma vitória para o Serra. E isso tem dado o ritmo das campanhas. O tom agressivo da Dilma é também para acordar a militância", explica. "Acabou o aspecto coreógrafo, o que é bom para o eleitor, que tem interesse em ver cair as máscaras", emenda Alessandra.

Presidente do PT e coordenador da campanha de Dilma, José Eduardo Dutra, defendeu ontem a postura mais combativa da candidata. Ele disse que não teme a repercussão negativa junto ao eleitor, porque a acusação de "agressividade", segundo o dirigente, "não atinge as mulheres". "Ela tinha que colocar essa questão da baixaria na campanha [atribuída pelo PT a Serra] já nesse debate", defendeu, sem revelar se a postura será mantida em outros encontros.