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Se há apenas um mês alguém me perguntasse sobre a relevância do tema aborto para as eleições de 2010, eu certamente responderia: nenhuma. Pois é: poucos dias após o encerramento do primeiro turno, ainda na fase de reagrupamento das forças políticas para o segundo round da campanha, o tema chegou com tudo para animar e assombrar os candidatos. Veio – como é lógico que viesse – cercado de aspectos morais, dogmas e paixões que, normalmente, jogam por terra qualquer possibilidade de discussão mais serena.

O que essa polêmica nos diz sobre o que esperar do segundo turno?

> Em primeiro lugar, que os candidatos deverão olhar com muito mais cuidado para as porções mais conservadoras do eleitorado, em especial as de orientação religiosa, que na complexa sociedade brasileira do século 21 representam uma força que não pode ser desprezada.

> Em segundo lugar, que esse "olhar atento" implicará em uma especialização do discurso e provavelmente no surgimento de outras polêmicas que assombram na mesma direção, como a relativa ao casamento homossexual.

> Em terceiro lugar, que essas e outras polêmicas – ligadas à corrupção e até à proximidade do Brasil com países como Irã, Cuba e Venezuela – darão muito pano para a manga. Nos programas eleitorais gratuitos, nos debates e, em especial, na internet, onde a discussão sempre escorrega muito rápido para a abissalidade.

Bom ou ruim

E isso é bom ou é ruim? Depende. Para o eleitor absolutamente mediano (e tendente a medíocre), que nunca pensou em aborto, não tem opinião formada sobre Ahmadinejad e nem saberia o que dizer sobre homossexuais e casamento, talvez a coisa apenas fique mais chata do que já estava. Para a sociedade, pela colocação em pauta de temas que constroem as sociedades e pela explicitação de posições, talvez represente um avanço civilizatório. Para os candidatos, sinceramente, talvez represente apenas mais uma demonstração do que os políticos são capazes diante da possibilidade de chegar ao poder.

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