Brasília - A 12 dias das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu ontem as férias do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e cobrou dele providências para estancar a crise nos Correios. Lula quer que Bernardo seja uma espécie de interventor para fazer uma operação pente-fino na estatal e apagar o foco de tensão política que pode respingar na campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência.
Foi o ministro que, ao lado da então chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, recomendou ao presidente a troca de comando nos Correios. As mudanças no primeiro escalão ocorreram em 28 de julho, sob a alegação de que era preciso conter o fisiologismo e a falta de eficiência na empresa.
De lá para cá, porém, a crise aumentou a ponto de derrubar Erenice e o diretor de Operações dos Correios Eduardo Artur Rodrigues Silva, conhecido como "coronel Quaquá". Disputas fratricidas entre o PMDB e o PT por cargos e denúncias envolvendo conflito de interesses na estatal preocupam o Planalto.
Franquias
No diagnóstico de Lula, a briga de poder nos Correios é o pano de fundo de muitas das acusações que têm atingido a Casa Civil. O presidente quer saber, porém, se há mais problemas à vista para evitar novos escândalos às vésperas das eleições de 3 de outubro.
O presidente dos Correios, David José de Matos, é amigo de Erenice há 30 anos. Ele substituiu Carlos Henrique Custódio, demitido por Lula após reclamações de Erenice envolvendo a renovação das franquias postais. Matos é apadrinhado do PMDB.
Marco Antônio de Oliveira também foi demitido da diretoria de Operações da ECT e substituído por Eduardo Artur Rodrigues Silva. A queda de Silva ocorreu 48 horas depois de o Estado revelar que ele era testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey na empresa MTA.
Na reunião de ontem da coordenação de governo, Lula pediu ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que acelere as investigações para apurar todas as denúncias sobre corrupção na Casa Civil e nos Correios.
"Venham de onde vierem as denúncias, seja da oposição ou não, o governo é o maior interessado na completa apuração", afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
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