Expedição em dados
Os principais indicadores coletados foram organizados e estão abertos para consultas e comparações. Há informações regionais e, em alguns casos, os detalhes por municípios.
O caminhoneiro Godfrid Carlos Pachtmann, de 60 anos, tem dois pesadelos: lombadas e buracos. E os dois existem em excesso no Sudoeste do Paraná. A PR-280, que liga a região a Curitiba e aos portos do Paraná e de Santa Catarina, é disparada a pior em conservação e problemas. "Há dez anos, eu fazia a viagem Beltrão/Trevo do Horizonte [cruzamento com a BR-153, depois de Palmas, uma distância de 193 quilômetros] em 2h30. Hoje levo 4 horas", resume o profissional, que carrega contêineres de um frigorífico em Dois Vizinhos para exportação. O Sudoeste teve um expressivo crescimento econômico nos últimos anos, mas a dificuldade de trânsito ameaça o futuro.
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As estradas ruins afastam investimentos porque aumentam os custos dos produtos da região. Godfrid explica: "É preciso parar o caminhão [para passar a lombada]. Vou de uma 12.ª marcha para uma 4.ª. Nesse esforço de arrancada, vai mais combustível. E tem umas 40 lombadas entre Beltrão e Palmas. Por que não colocar radar?". Segundo ele, o caminhão roda, em média, dois quilômetros a cada litro de diesel. No trecho da PR-280, o desempenho cai para 1,2 km/litro, uma diferença de até 80 litros por viagem, ou R$ 200 a mais de custo.
Se não bastasse, há também o gasto com o freio. "Uma lona que eu utilizaria em 70 mil quilômetros dura 35 mil." Já os buracos, além de insegurança com a possibilidade de acidentes e tombamentos, geram prejuízo com a quebra mais frequente de molas e o desgaste dos pneus, que tem a malha de ferro interna destruída pelos impactos. Como os custos aumentaram mais que o frete, o caminhoneiro tem dificuldade para manter em dia o financiamento dos oito caminhões que possui, único patrimônio construído em mais de 40 anos de estrada. "Eu nunca tirei férias. Dei faculdade para meus três filhos [um engenheiro e duas farmacêuticas] e tenho minha casa", diz. "Mas essa vida vale a pena se você gosta [da estrada]", acrescenta.
É por isso que a melhoria das estradas do Sudoeste, principalmente da PR-280 e da PR-182, que liga Beltrão à Cascavel, é vista como o principal desafio para manter o desenvolvimento econômico da região. "Estamos na segunda região produtora de frango do Paraná, com seis ou sete frigoríficos exportadores. Mas a infraestrutura é a mesma de 20 anos atrás", reclama Roberto Pecoits, coordenador da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) em Beltrão e proprietário de uma avícola (criação de aves). "Em 2013, tivemos o caso de um laticínio que deixou de vir para cá por causa da questão logística. Nos disseram que eles precisavam entregar rapidamente o produto e viram que aqui não conseguiriam", conta o presidente do Sindicato Rural de Beltrão, Leonardo Mazzon Garcia.
Sem PPP
O problema logístico é tão grave que as prefeituras e comerciantes do Sudoeste bancaram em 2011 um estudo sobre as estradas da região. A conclusão era a necessidade urgente de aumentar os pontos de ultrapassagem na PR-280, com construções de terceiras faixas ou a duplicação da rodovia. "Diversos são os trechos que necessitam investimentos imediatos, pois apresentam tráfego superior ao limite definido no estudo, que é de 3.500 a 4.500 veículos por dia", afirma um trecho do documento. Buracos e lombadas nem eram um problema grave à época.
O governo do Paraná chegou a estudar a possibilidade de fazer uma parceria público-privada (PPP) para duplicar a estrada, mas o projeto não avançou . "O custo do pedágio ficaria muito alto", informou a Secretaria de Infraestrutura e Logística. A Coptrans, uma cooperativa de caminhoneiros do Sudoeste, estava interessada em investir nas rodovias pelo sistema de PPPs e administrar o pedágio na região, mas não conseguiu negociar. "Entraríamos com dinheiro junto ao governo, mas eles não abriram [o negócio] para a gente. Isso é tipo uma caixa-preta", reclamou o vice-presidente da Coptrans, Albio Stüp.
Para o prefeito de Santo Antônio do Sudoeste e presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste (Amsop), Ricardo Ortina, é primordial melhorar a logística da região. "Precisamos de um aeroporto regional e também de uma ferrovia que nos ligue aos portos", afirma.
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