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Qualquer que seja o resultado, o primeiro turno de 2014 vai provocar a maior ruptura do quadro político nacional das últimas duas décadas. Depois de 1989, nunca uma disputa pelo Palácio do Planalto foi tão acirrada e, ao mesmo tempo, marcada pelo ambiente de "tudo ou nada". A viabilidade pós-eleição dos três principais candidatos e seus partidos – Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) – depende dos acontecimentos da semana final de campanha.

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INFOGRÁFICO: Veja comparação dos dados da última pesquisa Datafolha com o resultado dos últimos seis primeiros turnos presidenciais

Se a última pesquisa presidencial, publicada pelo Datafolha na sexta-feira, se confirmar nas urnas, Aécio corre o risco de ser o primeiro tucano a ficar de fora do segundo turno desde 1994. E Marina, mesmo que alcance o objetivo de romper a polarização entre PT e PSDB, dá sinais de que não vai conseguir conter a queda livre provocada pelo bombardeio dos adversários. Já Dilma consolidou-se na liderança, mas tem só quatro pontos porcentuais de vantagem sobre a oponente na simulação de segundo turno (47% a 43%).

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"O cenário é tão complexo que só se faz previsão com bola de cristal", diz Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos. Para ele, apenas a campanha de 1989 teve tantas particularidades quanto a atual. Na época, Lula (PT) só chegou ao segundo turno contra Fernando Collor (então no PRN) porque somou 0,6 ponto porcentual a mais que Leonel Brizola (PDT).

Nas duas disputas seguintes, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ganhou de Lula ainda no primeiro turno em campanhas sem turbulências. Em 2002 e 2006, o petista não levou no primeiro turno, mas bateu os tucanos no segundo, com margens superiores a 20 pontos porcentuais. Em 2010, a diferença de Dilma para José Serra (PSDB) no primeiro turno foi de 15 pontos e no segundo, de 12.

A série de cinco confrontos diretos moldou a polarização entre petistas e tucanos. "A saída do PSDB do segundo polo da política nacional é uma perda enorme para o partido, talvez maior que as três derrotas seguidas para o PT", diz o cientista político Cláudio Gonçalves Couto, da FGV. Por isso a necessidade de tentar uma virada sobre Marina.

Na avaliação de Couto, o PSDB começou a trilhar esse caminho em 2010, quando preferiu lançar Serra em vez de Aécio. "Mesmo que perdesse, Aécio teria se transformado em um nome muito mais competitivo em 2014." Além disso, Couto ressalta o "azar" de Aécio ao ter a estratégia desestruturada após a morte trágica de Eduardo Campos (PSB), que foi substituído por Marina.

Mas o fato de se livrar dos antigos rivais tucanos não é necessariamente uma vitória para o PT. "É nítido que o partido prefere enfrentar o PSDB de novo, até porque sabe como neutralizá-lo", ressalta Manhanelli. Além disso, o Datafolha abre margem a um empate técnico entre Dilma e Marina no segundo turno, dentro da margem de erro de dois pontos porcentuais.

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Em dificuldades nas eleições estaduais dos dez maiores colégios eleitorais do país, uma derrota para a candidata do PSB colocaria o PT em xeque. "O PT é o único partido que não tem outra opção em caso de derrota a não ser ir para a oposição e rever os seus conceitos. PSB e PSDB podem se acertar entre si e o PSB pode até voltar para a base petista caso Dilma ganhe", avalia o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco Adriano Oliveira.

Dentre os três, segundo ele, o futuro PSB é a maior incógnita – inclusive em caso de vitória de Marina. "Sem a liderança de Eduardo Campos, ter chegado ao segundo turno pode não significar nada. Até porque Marina ainda não descartou a fundação do seu partido [a Rede]."

Corda-bamba

Futuro dos partidos dos três principais candidatos a presidente depende do resultado do primeiro turno:

PT

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Dilma ainda não se livra de Marina. Pelo último Datafolha, a petista começaria o 2º turno em empate técnico com a adversária. A onda de ataques para desconstruir a adversária, que se intensificou e deu resultado nas últimas três semanas, não deve repetir o mesmo efeito.

Se perder

A derrota no 1º turno parece impossível, mas uma queda no 2º turno não está descartada. Como o PT tende a perder bases nos dez maiores estados e bancada na Câmara, precisaria se readaptar à oposição. A sigla ainda teria mais dificuldades para achar um nome para 2018 – ou recorrer a Lula, que estará com 73 anos.

PSDB

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Pelo último Datafolha, ainda há chances de Aécio chegar ao 2º turno. Se uma virada histórica ocorrer, os tucanos ganham moral. A tendência é que ele herde os votos de Marina e faça uma campanha de igual para igual com Dilma.

Se perder

O PSDB vai precisar passar por uma reestruturação e se concentrar mais do que nunca em suas raízes paulistas. Aécio estaria inviabilizado como candidato para 2018 e com dificuldades até em Minas Gerais. A vantagem em relação ao PT é que o PSDB teria desde já um nome mais consolidado – Geraldo Alckmin.

PSB

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O PSB virou coadjuvante de Marina após a morte de Eduardo Campos. O simples fato de chegar ao 2º turno não deve trazer maiores benefícios ao partido se Marina realmente deixar a sigla para criar sua legenda, a Rede. Em caso de uma vitória final, a situação mudaria de figura e até uma fusão com a Rede seria possível.

Se perder

O PSB teria condições de negociar a adesão tanto a um futuro governo petista quanto tucano. Nesta semana, a executiva nacional deve reconduzir Roberto Amaral (ex-ministro de Lula) à presidência da legenda, o que reabre ainda mais a possibilidade de diálogo com o PT. A chance de permanência de Marina é quase zero.

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