| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Do ponto de vista eleitoral, 2012 não foi um bom ano para os três maiores partidos do país no Paraná – especialmente nas grandes cidades. Dos dez maiores municípios do estado, apenas um elegeu um prefeito filiado ao PMDB (Mário Roque, em Paranaguá), enquanto PT e PSDB não elegeram ninguém.

CARREGANDO :)

Para 2016, o cenário que se desenha é similar. O PT pretende lançar candidaturas, mas não tem nomes competitivos. O PSDB deve priorizar, mais uma vez, alianças com partidos da base de apoio ao governador Beto Richa (PSDB). Já o PMDB tem potencial para melhorar seu desempenho em Curitiba, mas tem pouca competitividade nas grandes cidades do interior.

Publicidade

Os motivos por esse desempenho ruim nos grandes colégios eleitorais do estado é diferente em cada legenda. O PT propôs candidaturas em vários colégios importantes e chegou a colocar três candidatos no segundo turno – em Maringá, Ponta Grossa e Cascavel. Entretanto, não elegeu nenhum. Já o PSDB optou por reforçar alianças nos grandes municípios. O PMDB, por outro lado, pecou na falta de lideranças e teve dificuldades até para montar chapas de vereador.

Nos municípios menores, o cenário melhorou para PT e PSDB. Os dois partidos melhoraram o desempenho em relação a 2008. Já o PMDB também penou: de 135 prefeitos eleitos em 2008, caiu para menos da metade – 57. A mudança de inquilino no Palácio Iguaçu explica, ao menos em parte, essa diferença. O crescimento dos partidos pequenos e a maior fragmentação do mundo partidário, também.

Estratégia nacional

Com a imagem em frangalhos após as revelações da Operação Lava Jato, o impeachment e a crise econômica, o PT mudou sua estratégia entre 2012 e 2016. Antes, a prioridade era criar candidaturas competitivas – se necessário, com cabeças de chapa de fora do partido. Agora, a ideia é lançar candidaturas próprias, mesmo que pouco competitivas.

Ênio Verri: PT pode eleger até 30 prefeitos no Paraná 

A ideia é usar o horário eleitoral gratuito como um canal de comunicação do partido com o eleitorado. “A nossa estratégia é mostrar para a população que as obras que melhoram a vida da população vieram desses 13 anos de governo do PT”, afirma Ênio Verri, presidente do partido no Paraná.

Publicidade

Em 2012, o partido elegeu 40 prefeitos. Desses, 19 deixaram o partido desde então. Segundo Verri, por causa disso, é bastante difícil repetir o desempenho eleitoral em 2016. Ainda assim, ele acredita que o partido pode eleger até 30 prefeitos no estado todo.

Dificuldade de renovação

No PSDB, a escolha por priorizar as alianças causou polêmica em 2012. Lideranças como Álvaro Dias e Alfredo Kaefer fizeram duras críticas à política do partido de favorecer os aliados em nível estadual – os dois já não estão mais filiados. Dias chegou a afirmar que a prática seria um “balcão de negócios”. Em 2016, porém, o partido deve repetir a estratégia.

Ademar Traiano: PSDB deve superar resultados de 2012. 

Segundo Ademar Traiano (PSDB), havia uma vontade de lançar novos nomes para a disputa, mas o cenário político e econômico tem afastado potenciais candidatos. “Não há um desejo de participar, há um temor do efeito que isso [se tornar político] pode ter na vida privada”, afirma. Ele ressalta, também, que as dificuldades econômicas dos municípios dificultam grandes projetos.

Traiano evita comparações com a eleição anterior e previsões concretas sobre o número de prefeitos que o partido pode eleger. “Cada eleição é uma história nova, e esse momento é atípico”, afirma. Ele diz, porém, que acredita que o partido deve superar os resultados das eleições passadas.

Publicidade

Efeito Temer

Já o PMDB começou 2016 falando em tentar eleger o maior número possível de prefeitos, visando as eleições de 2018 – quando pretendia ter candidato próprio. Ao longo do ano, a estratégia mudou. A prioridade política do partido passou ser criar condições de governabilidade para o presidente interino Michel Temer (PMDB).

João Arruda: PMDB vai buscar alianças. 

“Hoje está mais difícil [focar nas candidaturas próprias], a nível nacional o PMDB vai ter que fazer o possível para manter a base unida”, afirma João Arruda, secretário-geral do partido no estado. Isso significa abdicar do conflito em municípios, e buscar um número maior de alianças.

Em 2012, o PMDB sofreu nas grandes cidades. Além de não participar de forma significativa das majoritárias, o partido elegeu poucos vereadores. Em Curitiba, Londrina e Ponta Grossa, foi apenas um vereador eleito. Em Maringá e Cascavel, nenhum.

De lá para cá, houve também um racha no partido. Deputados que apoiam o governador Beto Richa (PSDB) deixaram o partido no início deste ano. Arruda minimiza a crise interna. “Não vai ter efeito nenhum. Os deputados que saíram levaram cinco ou dez pré-candidatos”, afirma. Ele critica, ainda, os dissidentes por terem apoiado prefeitos de outros partidos, às vezes contra o próprio PMDB.

Publicidade

Segundo o secretário-geral, o partido espera recuperar um pouco do espaço perdido nos pequenos municípios e pretende eleger entre 80 e 100 prefeitos. “Vamos lançar pelo menos 200 candidatos a prefeito e 100 a vice. Acredito que a disputa [para quem elege mais prefeitos] ficará entre o PMDB e o PSC, talvez o PSDB”, afirma.

Curitiba

Em Curitiba, PT e PMDB afirmam que vão lançar candidatos. O PT confirmou, em evento em maio deste ano, a candidatura de Tadeu Veneri. Já o PMDB aposta em Requião Filho, e procura partidos para fazer alianças. Segundo Arruda, a decisão de lançar o deputado estadual candidato está consolidada.

A situação do PSDB é mais complexa. Há pré-candidatos, como o deputado federal Paulo Martins, mas, segundo Traiano, há também a possibilidade de embarcar em outra candidatura. “Não temos uma definição ainda, estamos nos reunindo semanalmente para discutir isso. A tendência maior é fazer um acordo [com outro partido] e indicar o vice”, afirma.