Colocar o cidadão como protagonista na elaboração de soluções para a cidade, apostando naquilo em que a sociedade têm em comum e respeitando as diferenças. Com essa missão, a organização não governamental Sociedade Global desenvolve desde maio a campanha “Todos fazem parte”, usando uma metodologia própria para gerar propostas colaborativas envolvendo a sociedade organizada e cidadãos interessados de Curitiba.
“Hoje os mecanismos existentes são insuficientes para garantir participação genuína nos processos decisórios. É necessário experimentar outros formatos de participação”, afirma Diego Baptista, articulador da Sociedade Global. Segundo ele, hoje há uma demanda crescente por participação, e muitas pessoas procuram espaços que não sejam polarizados ou contaminados pelo radicalismo. “É preciso superar a falta de diálogo e da cultura do embate, que não permite a sociedade evoluir respeitando as individualidades”, explica Baptista. “Em vez de fortalecer a diferença, acreditamos que é preciso construir uma agenda entendendo o outro e buscando pontos comuns”.
A campanha trabalha em três etapas. A primeira delas, de maio a agosto envolveu 30 parceiros e 220 pessoas que discutiram 21 áreas temáticas, a fim de se elaborar um diagnóstico colaborativo e estabelecer diretrizes estratégicas para a capital.
Na segunda etapa, até o fim de setembro, o trabalho da primeira fase será estruturado em propostas concretas. Foram agendadas para esta fase discussões virtuais e presenciais para delas as ideias serem transformadas em soluções utilizando técnicas de crowdsourcing, inovação aberta e laboratórios de inovação social, realizando pesquisas de campo e testando propostas.
E, por fim, num terceiro momento, entre outubro e dezembro, os envolvidos alinham responsabilidades compartilhadas para viabilizar a implementação das soluções formando times inter-setoriais com atores da academia, governo, empresas e cidadãos. No caso de as soluções apresentadas serem de competência do Poder Público, as entidades e pessoas se comprometem a influenciar e envolver os órgãos competentes para que sejam implementadas.
“Mas a estratégia fundamental é gerar a autonomia e empoderamento da sociedade em um novo modelo de governança para uma Curitiba mais justa, sustentável e democrática”.
Para Diego Baptista, esse processo em três fases permite a construção de soluções que sejam trabalhadas de forma integrada e colaborativa pelos diversos atores, reduzindo o desperdício de recursos, esforços e talentos.
“O objetivo é conseguir transformar a cultura da cidade pela participação das pessoas na criação de inovações sociais, de políticas públicas e do fortalecimento do capital social”, afirma. Baptista entende que o cidadão, ao se reconhecer como parte do problema, consegue se colocar também como parte da solução “É preciso de compreensão mútua para que a sociedade consiga vencer desafios e transformar a educação, a participação cidadã, o planejamento urbano e outras questões centrais da sociedade. Assim, podemos criar uma nova cultura de consciência coletiva na cidade”.



