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Violência

Em 10 anos, 16 políticos mortos

Assassinato do prefeito de Rio Branco do Sul é mais um de uma lista que engloba, quase sempre, lideranças de pequenas cidades

Adílson Rabelo, ex-presidente da Câmara de Foz do Iguaçu, ao lado da esposa Jane, acompanhou ontem  o julgamento de um dos acusados por tentar matá-lo: ex-vereador levou dois tiros na cabeça em 2003 e ficou inválido | Marcos Labanca
Adílson Rabelo, ex-presidente da Câmara de Foz do Iguaçu, ao lado da esposa Jane, acompanhou ontem o julgamento de um dos acusados por tentar matá-lo: ex-vereador levou dois tiros na cabeça em 2003 e ficou inválido (Foto: Marcos Labanca)
Confira quais foram os políticos mortos desde 2000 |

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Confira quais foram os políticos mortos desde 2000

O assassinato do prefeito de Rio Branco do Sul, Adel Rutz, na noite de segunda-feira, é mais um episódio de um vasto histórico de crimes cometidos contra políticos no Paraná. Nos últimos dez anos, pelo menos 16 políticos – entre prefeitos, vereadores, militantes e um deputado estadual – foram mortos no estado. A maioria dos crimes (dez) tem suspeita de motivação política. E grande parte deles ainda não tem a autoria esclarecida.

O "caso Miguel Donha", de Almirante Tamandaré, foi um dos que mais chamou a atenção. E completou dez anos, em janeiro, sem solução. O então pré-candidato a prefeito pelo PPS foi sequestrado e morreu depois de uma hemorragia causada por um tiro que levou na perna. O acusado, na época, relatou que foi contratado apenas para dar "um susto" em Donha, mas até agora ninguém foi preso.

O presidente estadual do PPS, Rubens Bueno, e o deputado federal André Vargas (PT) chegaram a pedir maior agilidade nos processos em que militantes dos partidos figuram como vítimas. Bueno repete o pedido ano a ano, desde o assassinato de Miguel Donha, em 2000. "Em janeiro houve uma nova manifestação com a família, em Almirante Tamandaré, e fomos novamente à Procuradoria da República. Mas o processo continua parado. Em cinco anos, nada de relevante aconteceu", ressalta Bueno. "É mais um crime político sem solução no Paraná."

Entre as causas apontadas para a demora na definição do caso, Bueno aponta a constante troca de delegados, juízes e promotores. "Não há estrutura permanente que permita desenvolvimento do processo", aponta.

Solucionado, em parte

Em outros casos – como o do assassinato do prefeito de Fênix, Manoel Custódio Ramos (PMDB) – a Justiça já definiu o caso, ao menos em parte. Aquele que seria o executor do crime, Luís Pereira de Souza Júnior, já foi condenado a 21 anos de prisão. Valdenes Macedo Lopes, que teria sugerido a contratação do assassino, será julgado em 7 de maio.

Outros três suspeitos de envolvimento, entre eles o então vice-prefeito Aristóteles Dias dos Santos Filho – acusado de ser o mandante do crime – foram indiciados e estão com o processo em andamento. O prefeito foi morto em fevereiro de 2006 com cinco tiros.

Outro caso de crime político foi o assassinato do presidente do PCdoB de Reserva, Nelson Wosniak, em 2005. "Quem matou era o presidente da Câ­­­­mara (o vereador Flávio Hor­­­nung Neto, do PMDB)", lembra o deputado André Vargas.

Mas nem todos os crimes se confirmaram como políticos. Em Barbosa Ferraz, por exemplo, a principal linha de investigação dá conta de que o crime contra o ex-prefeito Mário César Lopes de Carvalho (PMDB) teria sido passional. Segundo a Polícia Civil, as suspeitas recaíram sobre um homem com ciúmes da namorada do prefeito assassinado.

O cientista político Ricardo Costa de Oliveira, professor da UFPR, descarta a possibilidade de o estado sofrer uma escalada de crimes contra políticos. "Não há cultura da violência política no Paraná", assegura ele.

Para Oliveira, a violência po­­­lítica é mais associada às regiões mais periféricas do estado, o que é demonstrado pelo mapa dos assassinatos contra mandatários e militantes. "É algo en­­­contrado em determinados grotões, mais distantes, onde as disputas são quase pessoais. Não é um fenômeno encontrado nas principais lideranças nem nos principais partidos", afirma o cientista político. "Nossa grande violência é mesmo a urbana."

O Ministério Público, procurado pela reportagem, informou não ter um levantamento do número de crimes considerados "políticos". Segundo o órgão, a atuação se restringe a descobrir os executores dos crimes, tornando impossível relacionar os casos conforme o perfil das vítimas.

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