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Do apartamento simples em Osasco, na Grande São Paulo, para os condomínios de alto luxo nos arredores de Ribeirão Preto, interior do estado. Em pouco mais de 10 anos, o padrão de vida do advogado Rogério Buratti, pivô das acusações que colocaram o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no foco das denúncias que abalam o governo Lula, sofreu uma elevação invejável. O inquérito em andamento na Polícia fala em incompatibilidade entre os bens e os ganhos legais e "que o dinheiro acumulado pode decorrer do esquema de fraude em licitações".

Nos anos 80, quando era militante da base católica do PT de Osasco, Buratti trabalhava de dia e à noite fazia faculdade de Direito. Com a então mulher Terezinha e o filho, morava num apartamento de 60 metros quadrados, com dois quatros, em um prédio de quatro andares sem elevador, no bairro Cidade das Flores. "Não tinha nem carro", contou um vizinho, que ainda vive no prédio.

Um apartamento igual no condomínio ao lado está à venda hoje por R$ 50 mil. Quando mudou para Ribeirão, Buratti manteve o apartamento de Osasco. Em 1999 e 2000, chegou a atrasar o IPTU e acumulou uma dívida de R$ 267,04 com a Prefeitura. Quem vivia no local na época era Terezinha, de quem já estava separado.

A vida de Buratti tomou um novo rumo quando ele se aproximou de Palocci. O advogado trabalhava na Assembléia Legislativa e Palocci era deputado estadual. Da relação, veio o convite para coordenar a campanha de Palocci para prefeito em Ribeirão, em 1992. Buratti chegou à cidade em um Fusca 1979. Em 93, virou secretário de governo. Deixou o cargo em 94, quando uma fita com uma conversa sua com um empreiteiro foi divulgada.

Mesmo longe do poder, Buratti, na época casado com Elza, seguiu em Ribeirão Preto. Montou duas empresas de consultoria. A BBS, que tinha como sócio Juscelino Dourado, hoje chefe de gabinete do ministro da Fazenda, e a Assessoarte, que prestou serviços para prefeituras petistas. Em 1995, comprou o seu primeiro bem em Ribeirão: um apartamento de 118 metros quadrados por R$ 93 mil. Três anos depois, entrou para a Leão & Leão. Virou vice-presidente da empresa, pouco antes de Palocci ser novamente eleito prefeito. No depoimento do dia 19, Buratti acusou a empresa de pagar propina de R$ 50 mil por mês ao PT por meio da Prefeitura da cidade, para manter o contrato de limpeza.

Em julho de 2001, o advogado pagou apenas R$ 30 mil por uma casa no condomínio Village Country, de alto padrão. E vendeu o mesmo imóvel por R$ 950 mil no ano passado. Mudou com a mulher para o condomínio Quinta da Boa Vista. A compra ainda não foi registrada no cartório, mas o local tem mansões que valem mais de R$ 1 milhão. Ele diz que possui também dois carros Honda Civic e afirma que seu patrimônio é de R$ 1,2 milhão.

O delegado Benedito Antônio Valencise diz que o valor é muito maior. Buratti também tem empresa de ônibus que atua no interior avaliada em R$ 2,6 milhões e uma fazenda de R$ 1,2 milhão em Buritizeiro, em Minas Gerais. Buratti diz que a elevação de seu patrimônio é fruto do bônus de R$ 500 mil recebido por fora da Leão & Leão como complemento ao salário mensal de R$ 45 mil.

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