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O militante Matheus Preis chegou à Sé, no centro de São Paulo, e fez um discurso breve para ativistas de movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos, reunidos em um “pré-ato” da manifestação contra o aumento da tarifa. Ao tirar a camiseta branca que estava por cima, exibiu sua bandeira: Passe Livre. Sem articulação de massa, o MPL aproveita o apoio para engrossar suas passeatas. Já os demais manifestantes enxergam nos atos por tarifa zero uma oportunidade para apresentar uma infinidade de pautas – feminismo, direitos LGBT, luta de classes, revolução – e tentam, à sua maneira, reeditar as jornadas de junho de 2013. Em passeatas do MPL, até black blocs são bem-vindos: em troca, formam a linha de frente, separando manifestantes da Polícia Militar.

Eram 16h40 quando Preis usou um megafone para convocar o grupo ao Teatro Municipal, onde integrantes do MPL se concentravam para um dos dois protestos marcados na quinta-feira. “O Movimento Passe Livre entende que esse aumento de tarifa é mais um ataque à classe trabalhadora neste momento de crise e os governos não têm nenhuma resposta viável”, discursou de frente para a catedral, pintada por bandeiras e faixas contrárias ao preço da tarifa do transporte, que subiu para R$ 3,80 após decisão do prefeito Fernando Haddad (PT) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Foi aplaudido sem muito entusiasmo – exceto por um mendigo que aparentava embriaguez.

Sentados na escadaria, os manifestantes que não eram do MPL usavam camisas de partidos, bandeiras marxistas, faixas com arco-íris LGBT, movimento negro, entre outros adereços. Conhecido por negociar o trajeto das passeatas com a PM, Preis interagia pouco com eles e concedia muitas entrevistas. Para Camila Souza, coordenadora do Juntos!, movimento de juventude ligado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSol), era fácil explicar o apoio ao movimento. “A pauta contra o aumento da passagem ganhou muito destaque e diz respeito à cidade como um todo. Queremos fazer essa luta crescer e construir um novo movimento, como em junho de 2013”, disse.

Também era possível ver bandeiras de outras legendas, como o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU). Embora se afirme um movimento apartidário e independente, o MPL vê como positiva a participação em protestos de qualquer pessoa que queira aderir a suas causas, seja ela membro de organização política, movimento social ou black bloc.

Entre os ativistas, porém, havia até quem não defendesse a tarifa zero, a principal luta do MPL. “Somos fraternos a eles, mas temos divergências programáticas e táticas”, disse Rodrigo Antônio, representante do coletivo Território Livre. “O movimento apoia pautas defensivas: somos contra o aumento da tarifa, por exemplo, mas não a favor do passe livre”, afirmou. “O nosso apoio é porque os protestos podem criar um movimento popular.”

Um dos manifestantes mais ativos era o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres, que também esteve presente nas grandes manifestações de 2013. Ao lado do deputado estadual Carlos Giannazi (PSol), o sindicalista segurava a faixa em que estava escrito “3,80 não! Lutar não é crime” e guiou os ativistas até o Teatro Municipal - logo atrás dos batedores da PM, em motocicletas. Da Sé à concentração do MPL, todos os acessos estavam fechados por cordões de policiais.

“Nossa linha é organizar a mobilização e evitar atitudes isoladas de violência, principalmente para que as ações possam ganhar mais adesão”, afirmou Prazeres, que também acredita que o MPL está mais aberto a outros movimentos sociais do que em anos anteriores. O grupo de ativistas foi aplaudido quando chegou na concentração do Passe Livre, onde mascarados se misturavam a outros manifestantes.

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