Em meio à crise política, governo federal segura a demissão de comissionados para garantir apoio nas votações.| Foto: Divulgação

O Palácio do Planalto decidiu adiar o corte de três mil cargos comissionados anunciado pela presidente Dilma Rousseff como parte da reforma administrativa. A ideia é esperar passar este momento de crise para desencadear a dispensa de pessoal. A avaliação é de que isso poderá abrir novo flanco de insatisfação da base parlamentar no Congresso, em um momento em que o governo busca evitar o impeachment da petista. Ainda não há nova data fixada para a extinção dos cargos, tecnicamente chamados de Direção e Assessoramento Superior (DAS).

CARREGANDO :)

Neste momento, o Palácio do Planalto discute com os partidos as nomeações de segundo e terceiros escalões, após a reforma ministerial que extinguiu pastas e ampliou a presença do PMDB na Esplanada dos Ministérios. A liberação dos cargos é uma das exigências dos partidos para garantir o apoio da base governista à presidente, que está ameaçada pela possível abertura de um processo de impeachment.

Publicidade

Dilma envia ao Congresso 20 projetos para reforçar caixa de estatais e órgãos

A presidente Dilma Rousseff encaminhou ao Congresso Nacional textos de vinte projetos de lei que abrem crédito especial ou suplementar para vários órgãos do Executivo, além da Justiça Eleitoral, Federal e do Trabalho, e o Ministério Público da União. Os projetos com os maiores valores são destinados a empresas estatais, ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Operações Oficiais de Crédito.

Para as estatais, dois projetos destinam quase R$ 20 bilhões em reforço orçamentário. O primeiro aporta para “diversas empresas estatais” crédito suplementar de R$ 14,282 bilhões e o segundo, crédito especial de R$ 4,770 bilhões “em favor de empresas estatais”. O terceiro projeto de maior valor abre crédito suplementar de R$ 5,408 bilhões em favor do MDIC, de Encargos Financeiros da União e de Operações Oficiais de Crédito.

As mensagens de envio das propostas aos parlamentares estão publicadas no Diário Oficial da União (DOU). A lista de órgãos beneficiados ainda inclui ministérios como o da Educação, Saúde, Justiça, Transportes e Cidades. Os textos publicados no DOU não detalham quais estatais serão atendidas nem as obras e ações nas quais os recursos serão aplicados.

Veja também
  • Por economia, governo proíbe ministros de viajar em 1ª classe
  • Governo gastou R$ 483 milhões com viagens em 2014
  • André Vargas diz que subfaturou imóvel “a pedido do vendedor”

Para assessores de Dilma, seria temerário anunciar a demissão de possíveis afilhados de políticos que ocupam DAS quando o governo está justamente tentando reconstruir a sua base parlamentar. Pelo anúncio inicial, o governo esperava economizar R$ 200 milhões com o corte de três mil dos 22,6 mil cargos comissionados, com a extinção de ministérios e de 30 secretarias.

A reforma, contudo, segue onde não afeta muito a política. Viagens de primeira classe bancadas com dinheiro público passaram a ser, desde ontem, exclusividade do presidente e do vice-presidente da República. Em viagens de trabalho, os ministros e os comandantes das Forças Armadas, que antes tinham direito a essa regalia, só poderão embarcar agora na classe executiva. Todos os demais agentes públicos e dependentes só terão direito a bilhetes da classe econômica. A medida foi publicada ontem em decreto no Diário Oficial da União.

Transporte

O governo federal também restringiu o uso de carros oficiais a ministros e chefes das Forças Armadas. A norma diz que dirigentes máximos de autarquias e fundações, ocupantes de cargos comissionados, chefes de gabinete de ministros e dirigentes estaduais ou regionais de órgãos da administração pública federal, que tinham direito ao uso individual de carros oficiais, só poderão usar “veículos de transporte institucional de modo compartilhado”.

Publicidade

Segundo o Ministério do Planejamento, 280 pessoas perderão direito ao uso exclusivo de veículos oficiais. A regra se aplica a presidentes de todas as agências reguladoras – como a Aneel (energia), ANS (saúde), Anatel (telecomunicações) e Anvisa (vigilância sanitária) –, reitores de universidades federais, presidentes do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entre outras autarquias.

Dilma manteve o privilégio do uso de carros oficias para familiares do presidente e do vice “se razões de segurança o exigirem” e para ocupantes de cargos de natureza especial, como ministros de estado. O Ministério do Planejamento informou que, no curto prazo, a previsão é de que haja compartilhamento dos carros entre os ministérios.

Na terça-feira, o governo também fixou medidas para reduzir em 20% despesas com a contratação de bens e serviços e com o uso de telefones corporativos. Foi limitado a R$ 500 o valor que ministros poderão gastar por mês com a conta de celular.