Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
procuradoria-geral

Em guerra com Janot, Câmara corre para barrar recondução dele ao cargo

Comissão Especial da Casa vota nesta quinta-feira PEC que veda a renomeação para o cargo de procurador-geral da República

Aliado de Eduardo Cunha, deputado Paulinho da Força (SD-SP) é o mentor da proposta em tramitação. | Jonas Pereira/Agência Senado
Aliado de Eduardo Cunha, deputado Paulinho da Força (SD-SP) é o mentor da proposta em tramitação. (Foto: Jonas Pereira/Agência Senado)

Um dia após Rodrigo Janot dar o primeiro passo para ser reconduzido ao cargo de procurador-geral da República, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que proíbe a renomeação está pautada para ser votada nesta quinta-feira (6) numa comissão especial da Câmara dos Deputados. A mudança na legislação pode atingir Janot, caso aprovada antes do desfecho do processo de recondução.

A discussão é mais um capítulo da briga entre Janot e os principais caciques do Congresso, motivada pelo pedido de abertura de inquérito, em março, contra 22 deputados federais e 12 senadores suspeitos de envolvimento com corrupção na Petrobras. Desdobramento da Operação Lava Jato, a lista inclui o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Janot cumpre mandato de dois anos, até o próximo dia 18 de setembro. Nesta quarta (5), ele ficou em primeiro lugar na lista tríplice aprovada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para a escolha do ocupante do cargo para o próximo biênio. A partir de agora, precisa ser indicado por Dilma e, depois, aprovado pelo Senado para continuar no posto.

A proibição da recondução para o cargo de procurador-geral foi inserida na PEC 473/2001, de autoria do ex-deputado Antonio Carlos Panunzio (PSDB-SP). Originalmente, o texto tratava apenas dos critérios de escolha para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A modificação foi introduzida pelo relator da proposta na comissão especial criada em maio para analisá-la, o deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB).

O peemedebista alterou o texto a partir de uma emenda sugerida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD), um dos principais aliados de Cunha na Câmara. Paulinho da Força é líder do Solidariedade, único partido que declarou apoio formal ao presidente da Câmara após a divulgação das declarações do ex-consultor da empresa Toyo Setal, Júlio Camargo, de que teria repassado US$ 5 milhões desviados do esquema de corrupção na Petrobras a Cunha. O presidente da comissão especial, Arthur Oliveira Maia (BA), também é filiado à legenda.

“Como a emenda estava regimentalmente correta, com o apoio de 171 assinaturas, decidi acatá-la”, justificou Serraglio. Ele também sinalizou que concorda com o mérito da sugestão. “Em tese, como é que o presidente da República vai reconduzir um procurador-geral que o está investigando?”

Na interpretação do paranaense, se a PEC for promulgada antes do término do processo de uma nova nomeação de Janot, o procurador não poderá ocupar o cargo. O presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, discorda. Segundo ele, o próprio substitutivo de Serraglio estipula que as novas regras só se aplicariam às nomeações posteriores à publicação da emenda.

Para Cavalcanti, há ainda uma inconstitucionalidade na emenda de Paulinho da Força. “Até a formação da comissão especial, a PEC só tratava da nomeação de ministros do STF, ou seja, do Judiciário. No atual estágio de tramitação, ela não poderia passar a abordar também temas relativos ao Ministério Público.”

Cavalcanti também declarou que não vê como o Congresso aprovar a PEC em tempo para barrar uma possível nomeação de Janot. Já Serraglio calcula que há chances de a promulgação ocorrer dentro de até 40 dias. “Depende do interesse em votar”, disse.

ANPR, segundo Cavalcanti, não é contra a proibição da recondução para o cargo de procurador-geral, desde que o mandato seja estendido para quatro anos. Durante a campanha por um novo mandato, Janot assumiu o mesmo posicionamento.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.