Em clima tenso após os discursos, os dois pré-candidatos ao governo do estado descerraram a placa de entrega de casas do Minha Casa, Minha Vida, em Umuarama| Foto: Antonio Roberto/ Ilustrados

Mudança

Gleisi deixa três relatórios sobre a Casa Civil para Mercadante

Agência Estado

A paranaense Gleisi Hoffmann deixará oficialmente a Casa Civil na próxima terça-feira, às 9h30. Quem assumirá o cargo é Aloizio Mercadante, que deixará o Ministério da Educação para José Henrique Paim. Após deixar o ministério, Gleisi reassumirá sua cadeira no Senado, que hoje é ocupada pelo suplente Sérgio Souza (PMDB).

Na última sexta-feira, a petista recebeu grande parte dos funcionários da Casa Civil em seu gabinete. Eles formaram filas no quarto andar para se despedir e tirar fotos. Durante a última semana, Gleisi dedicou grande parte do seu tempo a reuniões de transição com o novo ministro, Aloizio Mercadante.

Ela entregou a Mercadante três documentos: um com 33 páginas, sobre a estrutura da Casa Civil; o segundo, uma resenha executiva, com 106 páginas com todos os projetos em andamento, atual estágio, previsões de entrega, volume de recursos gastos e a gastar; e o terceiro, um relatório com questões pendentes e que precisam de monitoramento constantes, como o programa Mais Médicos e Pronatec. Os problemáticos se referem à demarcação de áreas indígenas e à organização das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

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Uma prévia de como vai ser a campanha eleitoral deste ano para o governo do Paraná foi dada ontem em dois eventos no interior do estado. Os dois principais pré-candidatos à disputa, o governador Beto Richa (PSDB) e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), fizeram questão de não deixar o adversário sozinho e apareceram lado a lado num encontro com agricultores em Quarto Centenário (região central) e na inauguração de 603 casas populares em Umuarama (Noroeste). Os dois não perderam a chance de alfinetar um ao outro e, mais uma vez, o motivo da discórdia foram os repasses do governo federal ao Paraná.

Em Quarto Centenário, Gleisi apareceu mais solta que de costume. Usou chapéu, subiu em colheitadeira, jogou grãos para o alto e ainda foi recebida aos gritos de "governadora". Em tom festivo, falou primeiro que Richa. Já o tucano, ao encerrar os discursos, aproveitou para fazer duras críticas ao governo federal, cobrando mais investimentos e a liberação de empréstimos ao Paraná.

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Na sequência, os dois participaram da inauguração de casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida, em Umuarama. Na cidade, Richa falou antes de Gleisi e foi mais ameno no discurso. Chegou a elogiar o programa habitacional da União. "O programa é um sucesso e atende a demanda por casas no Brasil todo".

Gleisi também manteve o tom suave até perto do final do discurso. Mas, quando o público achava que ela ia encerrar a fala, a petista se dirigiu ao governador e disse que a presidente Dilma Rousseff tem respeito pelo povo do Paraná e "só não repassa mais recursos porque o estado não presta contas adequadamente e enfrenta até ação no Ministério Público". "A Dilma não autoriza repassar recursos para quem não está com as contas em dia", rebateu.

Ela também chamou a atenção para a privatização da rodovia PR-323 entre Maringá e Iporã, proposta pelo governo estadual. Pela sugestão apresentada até agora, serão duas praças de pedágio a cada 100 quilômetros, totalizando perto de R$ 8. Gleisi disse que isso é inadmissível. "É muito caro. Nas privatizações do governo federal, o mesmo trecho terá pedágio perto de R$ 4. É preciso ter compromisso com a verdade, governador", afirmou.

Assessores de Richa pediram um direito de resposta ao cerimonial, organizado pela Caixa Econômica Federal, mas não foram atendidos. Questionado pelos jornalistas, o tucano disse que o Paraná é discriminado pelo governo federal e afirmou que Dilma precisa explicar melhor "é o dinheiro investido em Cuba".