A Praça Nossa Senhora da Salete se transformou em cenário de guerra: policiais usaram bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha e spray de pimenta para dispersar os servidores.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

As manifestações que precederam a votação final do projeto de reforma da Paranaprevidência anunciavam momentos de tensão para esta quarta-feira (29). Mas nem os mais pessimistas imaginavam o estado de guerra que se formaria nos arredores da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) durante a votação do projeto. O resultado: 213 manifestantes feridos, segundo a prefeitura de Curitiba, e 20 policiais, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Também houve três profissionais da imprensa na lista de feridos, vítimas de balas de borracha, estilhaços de bombas, spray de pimenta e gás lacrimogênio.

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O número de feridos no confronto desta quarta-feira no Centro Cívico foi o dobro da manifestação de junho de 2013 que mais teve vítimas em todo o país, quando cerca de 100 pessoas se feriram num protesto em São Paulo.

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O clima era tenso desde a manhã entre policiais e manifestantes. Mas os ânimos se acirraram à tarde, quando manifestantes tentaram quebrar o cordão policial do entorno do prédio para invadir a Assembleia. A resposta foi rápida: os 1,6 mil policiais da operação começaram a dispersar os manifestantes.

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A tentativa da PM era de adiantar o cerco para impedir qualquer avanço popular. Mesmo com os manifestantes recuando, a chuva de bombas de efeito moral e balas de borracha durou cerca de três horas, formando uma névoa no Centro Cívico. Entre os professores, havia relatos de bombas sendo jogadas de prédios públicos e de um helicóptero, deixando as pessoas encurraladas. “Corremos até o rio [Belém – atrás do Palácio das Araucárias], achando que estaríamos seguros, mas as bombas vinham de todos os lados”, afirmou o professor Jocemar Antônio Carlesso, do município de Dois Vizinhos.

À medida que o cerco avançava, mais feridos. A maioria foi encaminhada para o prédio da prefeitura de Curitiba (leia mais ao lado). Do caminhão de som, líderes do movimento tentavam contornar a situação, pedindo que os manifestantes recuassem e que a polícia parasse com a truculência. Eles também chamavam a atenção para o fato de que as crianças de uma creche localizada próxima ao local estavam sentindo os efeitos do gás lacrimogênio lançado na praça – os pais foram chamados para levá-las para casa.

Por volta das 17 horas, com a confusão controlada, os PMs pararam de avançar. Do carro de som, representantes do sindicato dos professores chamaram pelos feridos e pessoas perdidas. Durante cerca de uma hora, a praça virou um centro de atendimento médico e prestação de serviços. Logo depois, a notícia: o projeto de lei havia sido aprovado pelos deputados. Poucas vaias foram ouvidas no local. A maioria dos servidores já havia deixado o Centro Cívico.

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