João Jacob Mehl, vice-presidente do sindicato dos restaurantes: “É preciso dar liberdade ao comerciante de criar um espaço para quem fuma”| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Os deputados estaduais receberam um apelo ontem de representantes de casas noturnas, hotéis e plantadores de fumo para que modifiquem o projeto antifumo do governo do estado e aprovem a criação de áreas exclusivas para fumantes. O projeto será votado amanhã e os parlamentares continuam divididos em relação à criação dos fumódromos. Hoje, a Assembleia Legislativa abre espaço na sessão para ouvir os setores de saúde que defendem tolerância zero ao cigarro em todos os am­­­­bien­­­tes fechados – públicos e privados – do Paraná.

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O principal argumento dos que são favoráveis aos fumódromos é a questão econômica. Com a restrição total ao fumo, os donos de bares e casas noturnas temem perder clientes e faturamento. Já os fumicultores estão preocupados com uma eventual redução do consumo do cigarro e de possíveis prejuízos para quem tem como única atividade profissional o plantio de fumo.

O projeto que será votado na Assembleia Legislativa não prevê a liberação de fumódromos, mas a mudança pode ser proposta por deputados através de emendas. Para ser acatada, precisa da aprovação da maioria dos deputados. "Não podemos deixar as pessoas fumarem na rua. Tem de ter um local próprio onde não entra garçon nem seja servida bebida. É preciso dar liberdade ao comerciante de criar um espaço para quem fuma", afirmou o vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Retau­­­­ran­­­tes, Bares e Similares de Curitiba, João Jacob Mehl.

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O risco de desemprego no setor, que reúne 12 mil estabelecimentos no estado e gera 45 mil empregos diretos, foi o argumento usado pelo presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas No­­­­turnas (Abrabar), Fabio Aguayo, para insistir na criação de espaços isolados com equipamentos de renovação de ar para os clientes fumantes. "Muitos estabelecimentos já investiram pesado em sistemas para purificação. O ar lá dentro é mais puro do que na rua."

Para o presidente da Abra­­­­bar, a lei paulista antifumo, que proibiu os fumódromos, trouxe problemas como poluição sonora e sujeira nas ruas, com milhares de bitucas jogadas nas calçadas porque as pessoas saem dos estabelecimentos para fumar ao ar livre.

Outro entrave na lei, segundo os fumicultores, seria o impacto financeiro sobre as 33 mil famílias que vivem da plantação de fumo no Paraná. A atividade emprega cerca de 2 mil trabalhadores nas indústrias de tabaco.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fumo de Rio Negro, Valdemar Wie­­­­­­lewski, disse que a proibição total pode reduzir o consumo de cigarro e a necessidade de produção do fumo. "Todo mundo sabe que faz mal para a saúde, mas é uma atividade lícita", afirmou.

Os deputados defenderam que o governo do estado apresente alternativas para substituir a cultura do fumo. Segundo o deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB), ligado ao movimento ambiental, o fumo é a "mais terrível e mortal" forma de cultura, que estimula o suicídio de jovens, provoca sangramentos digestivos, hipertensão arterial e aumento do número de casos de câncer no cérebro em crianças. "Mas é uma estupidez muito grande querer dizer que proibir o cigarro no boteco vai acabar com a atividade de 33 mil produtores", afirmou.

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O líder do governo, Luiz Cláudio Ro­­­manelli (PMDB), garantiu ter 35 votos para aprovar o projeto original, sem fumódromos. Segundo ele, a lei representará uma mu­­­dan­ça de comportamento no Paraná.