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Em 10 de novembro, quando a colega Marleth Silva lembrou em sua coluna aqui na Gazeta do Povo da música "deu pra ti / baixo astral / vou pra Porto Alegre / Tchau", eu fui para a capital gaúcha, por coincidência. Quando eu era adolescente, morei por dois anos em Porto Alegre e via muitos defeitos na cidade. Mas, há 15 dias, quando estava a passeio, vi muitas coisas interessantes, que poderiam ser aplicadas de alguma forma em Curitiba.

Já na chegada ao aeroporto fiquei com inveja do grande edifício-garagem construído pela Infraero. Há projeto para fazer a mesma obra no Aeroporto Afonso Pena, mas já poderia haver a estrutura. O estacionamento no pátio foi ampliado e inaugurado em março deste ano, ao custo aproximado de R$ 11 milhões. Mais inveja: o Aeroporto Salgado Filho fica apenas a oito quilômetros do centro da cidade, então o trajeto de táxi foi rápido e barato.

Falando em táxis... Poderia escrever uma coluna inteira sobre a oferta de táxis em Porto Alegre. Enquanto estive na cidade, usei várias vezes, por dois motivos. Primeiro, o valor da tarifa é um pouco mais acessível: a bandeirada inicial está em R$ 3,90 e o quilômetro rodado na bandeira 1 é R$ 1,95. Mas a principal diferença está na hora parada: apenas R$ 13,80 – mesmo aqueles cinco minutinhos parado no semáforo podem pesar. Em Curitiba, esses valores são de R$ 4, R$ 2,30 e R$ 20,00, respectivamente. Fica a ressalva: pedir táxi por telefone em Porto Alegre tem um acréscimo.

Mas nem se preocupe em telefonar. A grande vantagem é que em Porto Alegre há muitos, muitos táxis, seja rodando ou estacionados nos pontos de embarque. A frota é de 3.922 carros, ou uma média de 365 habitantes por carro. Aqui em Curitiba, os números são os seguintes: 2.252 táxis, média de 785 por veículo. E as perspectivas são terríveis: uma nova lei limita de forma genérica que a nova média deve ficar entre 500 e 700. Isso é um grande absurdo!

Veja o círculo vicioso: o táxi demora e custa caro; as pessoas preferem usar carro próprio para se locomover; as ruas ficam lotadas; a prefeitura, na sua genialidade, cria mais binários e elimina vagas de estacionamento para ver se o trânsito flui; cada vez mais o carro assume o protagonismo em Curitiba; e por aí vai.

Bom, em termos de transporte público, Curitiba pode ser conhecida internacionalmente, mas em Porto Alegre o sistema está funcionando muito bem, e é bem acessível para quem não é da cidade. No posto de informações turísticas você pode pegar um grande folder, que mostra em um mapa os principais eixos, cada um com um número: a Avenida Protásio Alves, por exemplo, é o eixo 400. Então todos os ônibus que passarem ali serão dessa centena (429, 430, 476). No mesmo folder posso ver as ruas por onde cada um desses ônibus vai passar, os pontos turísticos, as possibilidades de integração com outras rotas... Sensacional! A tarifa atual é de R$ 2,85, mas você pode descer em qualquer ponto e tem 30 minutos para pegar outro ônibus sem ter de pagar nada. Repito: sensacional! Como é que Curitiba, tão inovadora com seu sistema de transporte está tão atrasada com a integração? Hoje existe apenas em poucas linhas. Além disso, o site da Urbs sobre trajetos de ônibus em Curitiba é terrível, e desconheço algum mapa que tenha qualquer informação detalhada.

Lixo

Curitiba, também famosa por ser sustentável, está ficando para trás na implantação de mecanismos mais modernos para coleta do lixo. Com o desenvolvimento acelerado da cidade, o problema tem se agravado: no centro da cidade tem sido comum se deparar com montes de sacos de lixo nas calçadas, colocados ali por restaurantes e outros estabelecimentos comerciais. Desde 2011, Porto Alegre vem implantando um sistema já usado por várias cidades brasileiras (e praticamente em todo o mundo desenvolvido): contêineres fechados de lixo. A ideia é que o cidadão ou comerciante jogue ali o lixo orgânico a qualquer hora do dia. A inovação ocorre na coleta: ela é totalmente automatizada, não há mais garis. O sistema ainda não foi implantado em toda a cidade, e ainda há alguns problemas a serem resolvidos: vandalismo, superlotação de alguns contêineres que ficam em regiões mais adensadas, localização dos equipamentos e o descarte de material reciclável junto com o orgânico.

Mesmo com as dificuldades, o sistema é inovador, e uma tendência para o futuro. E em Curitiba, qual foi a última inovação na coleta de lixo?

Serviço:

Compare os mapas do transporte público em Curitiba e em Porto Alegre: http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/transporte/rede-integrada-de-transporte (Selecionar o link Mapa da RIT). http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/eptc/usu_doc/mapa_transporte2012.pdf

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