A Justiça prorrogou, esta semana, por mais um mês, as investigações que apuram as causas da maior tragédia da aviação brasileira - a queda do Boeing da Gol que matou 154 pessoas. Mas uma coisa já se sabe: o equipamento anti-colisão do Legacy estava desligado. As autoridades precisam descobrir agora se isso aconteceu por falha no aparelho ou por desatenção dos pilotos americanos.

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Uma reportagem da revista "Veja" deste fim de semana revela um diálogo entre os dois pilotos americanos gravado pela caixa preta do Legacy.

Logo após a colisão, um dos pilotos pergunta ao outro se o TCAS - o dispositivo anti-colisão - está ligado. A resposta: "O TCAS está desligado".

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O Fantástico confirmou a veracidade do diálogo, que ocorreu às 16h59m, apenas dois minutos depois do choque do Legacy com o avião da Gol.

No primeiro depoimento à Polícia Civil de Mato Grosso, no dia seguinte ao acidente, ao qual o Fantástico teve acesso no dia 8 de outubro, os pilotos se contradiziam. Joe Lepore havia dito "que o Legacy tinha dispositivo anti-colisão, mas que o equipamento não veio a funcionar".

Já o co-piloto Jan Paladino disse apenas que durante o vôo "o equipamento anti-colisão parecia estar funcionando". "O diálogo mostra de forma cabal que a falha decisiva para que o acidente acontecesse foi dos pilotos e do defeito de projeto do transponder, que propiciou a sua desativação", comenta Leonardo Amarante, advogado das famílias.

Em nota enviada ao Fantástico, a empresa ExcelAire, dona do Legacy, disse que "seus pilotos não desligaram ou transponder ou o TCAS - o equipamento anti-colisão - de forma intencional ou inadvertida. E que não havia nenhuma indicação na cabine, ao longo do vôo, que apontasse o não-funcionamento desses equipamentos".

O delegado da Polícia Federal Renato Sayão, que conduz o caso, também enviou uma nota ao Fantástico.

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Nela, o delegado afirma que "o inquérito tem sido conduzido sem sensacionalismo, com discrição"; e que "houve autorização da Justiça Federal para que parentes das vítimas obtivessem cópias integrais do inquérito".

Os pilotos americanos foram indiciados pela Polícia Federal no ano passado e ficaram retidos 71 dias no Brasil.

Mas em dezembro conseguiram a liberação dos passaportes e voltaram para os Estados Unidos. Lá, participaram de programas de televisão em que acusaram o controle de tráfego aéreo brasileiro de ser o responsável pelo acidente.