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| Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Reação

Elogios a Serra surpreenderam Lula

Agência Estado

Brasília - A ministros mais próximos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confidenciou que já esperava que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disparasse a "metralhadora" contra o governo e sua candidata Dilma Rousseff (PT). Lula, no entanto, disse que ficou surpreendido com os elogios de Ciro ao principal adversário nestas eleições, o pré-candidato do PSDB, José Serra. "O presidente sempre soube que Ciro, uma boa pessoa, é destemperado quando abre a boca, mas achava que tinha mais juízo", relatou um auxiliar direto de Lula.

Depois de ler a entrevista de Ciro ao iG, em que o aliado afirma que Serra tem mais preparo para enfrentar uma crise econômica do que a ex-ministra, Lula teria orientado a equipe a não responder. Ele também teria recomendado à Dilma que não entrasse num "bate-boca".

A relação com Ciro, primeiro ministro da Integração Nacional do atual governo, sempre foi valorizada pelo presidente, que ainda reconhece o papel do aliado na crise política de 2005. Lula, porém, não teria escondido a "fúria", segundo um auxiliar, com os elogios. "É óbvio que ouvir ataques de Ciro a Dilma e ao próprio governo é ruim, mas ouvir elogios a Serra não era algo esperado", completou o mesmo auxiliar.

À tarde, ao chegar ao Supremo Tribunal Federal para a posse do novo presidente da corte, o ministro Cezar Peluso, Lula evitou comentar o caso. "Estou mudo", disse a repórteres.

Apoios

PSB impõe reivindicações para desistir da candidatura própria

Agência Estado

Brasília - A três dias de negar a legenda para que Ciro Gomes se candidate à Presidência da República – a executiva do partido se reúne na terça-feira para decidir o assunto –, o PSB se prepara agora para cobrar a fatura. Em troca da adesão à candidatura da petista Dilma Rousseff, o partido reivindica o apoio, mesmo que indireto, do PT em alguns estados. Os socialistas querem que o PT libere partidos da base aliada, como o PR e o PCdoB, para apoiar candidatos do PSB a governos estaduais. A lista de pleitos foi entregue ontem à coordenação da campanha de Dilma Rousseff pela cúpula do PSB.

Uma das reivindicações do PSB é em relação a São Paulo, onde o partido disputará o governo do estado com o empresário Paulo Skaf. Os socialistas querem que o PT libere o PCdoB e o PR para fazer aliança em torno de seu candidato.

No Espírito Santo e no Rio Grande do Sul também querem que o PT autorize o PCdoB para apoiar seus candidatos ao governo do estado – o senador Renato Casagrande e o deputado Beto Albuquerque, respectivamente.

Ao mesmo tempo, a cúpula do PSB defende que nesses três estados Dilma tenha palanque duplo. Ou seja, que a ex-ministra e o presidente Lula também façam campanha para os candidatos do PSB e não apenas para os petistas.

Brasílias - Depois de ser informado que o partido pretende apoiar a candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência, o deputado e até anteontem pré-candidato ao Palácio do Planalto Ciro Gomes (PSB-CE) partiu para o ataque em entrevista ao portal iG, publicada na quinta-feira à noite. As críticas do deputado foram direcionadas, principalmente, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Lula está navegando na maionese", disse Ciro, fazendo referência ao "apoio desmedido" do presidente a Dilma.

"Ele está se sentindo o todo-poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente da República. Pior: ninguém chega para ele e diz ‘Presidente, tenha calma’. No primeiro mandato eu cumpria esse papel de conselheiro, a Dilma, que é uma pessoa valorosa, fazia isso, o Márcio Thomaz Bastos fazia isso. Agora ninguém faz", afirmou, na entrevista.

A mágoa de Ciro é com a influência do presidente nas resoluções internas de seu partido. "Estou como a Tereza Batista cansada de guerra. Acompanho o partido. Não vou confrontar o Lula. Não vou confrontar a Dilma". Ciro vinha tentando entrar na disputa pelo Palácio do Planalto, mas a ideia contraria o presidente Lula, que pretende fazer dessa eleição uma disputa quase plebiscitária – com Dilma representando a esquerda e Serra como candidato da direita.

Com a pressão de Lula para ter o PSB na aliança pró-Dilma, a ideia da candidatura de Serra à Presidência perdeu força e foi praticamente enterrada na quinta-feira, quando Ciro se reuniu com a cúpula do PSB. No encontro, os dirigentes do partido comunicaram ao deputado que a sua candidatura à Pre­­­sidência é inviável. O anuncio oficial do apoio do PSB à candidatura pe­­­tista deve ser feito na terça-feira, após reunião da direção executiva do partido. Ciro afirmou que não irá ao encontro para deixar a direção da legenda à vontade

O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, se apressou em dizer ontem que as declarações de Ciro não encontram amparo no partido. Amaral admitiu que a entrevista de Ciro ao portal iG é "ruim" e que por isso o deputado será procurado pela direção da legenda.

"Ainda não conversei com ele depois da entrevista, mas com certeza vou procurá-lo. Essa declaração é uma opinião pessoal, não é a opinião do partido nem a minha. Somos um partido democrático, quando tomamos uma decisão, ela é obedecida por todos os quadros. Com certeza [a declaração] é ruim, mas não é uma tragédia. Vamos superar isso", disse Amaral, que negou que Ciro possa sofrer algum tipo de retaliação por causa de suas declarações. "Temos muito apreço por ele."

Amaral participou ontem de manhã de reunião com Lula e Eduardo Campos. Segundo ele, o objetivo do encontro foi informar ao presidente que a decisão sobre a candidatura de Ciro será tomada apenas dia 27. "Ele [Lula] nos disse que respeitaria qualquer que fosse nossa decisão e reiterou o apresso que tem por nós e pelo Ciro."

O presidente do PSB, Eduardo Campos, evitou comentar as declarações de Ciro Gomes. "Não vou comentar essas declarações. Meu comentário não ajuda em nada", afirmou Campos, após sair de um encontro com Lula no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.

Tucano

Além de atacar Lula, o parlamentar também fez elogios ao pré-candidato tucano à Pre­­sidência, José Serra. Segundo o deputado, Serra teria mais condições de enfrentar crises econômicas do que a ex-ministra Dilma. "Minha sensação agora é que o Serra vai ganhar esta eleição. Dilma é melhor do que o Serra como pessoa. Mas o Serra é mais preparado, mais legítimo, mais capaz. Mais capaz inclusive de trair o conservadorismo e enfrentar a crise que conheceremos em um ou dois anos", afirmou.

Ao ser perguntado sobre a declaração de Ciro sobre um desempenho melhor de Serra sobre Dilma, o ministro das Relações Institucionais, Alexan­­­dre Padilha, saiu em defesa da pré-candidata: "O presidente Lula não vai comentar a declaração do deputado Ciro. Mas acredito que a comparação entre Dilma e Serra será feita pela população brasileira. A maioria dos partidos de­­monstra desejo de estar ao lado da ministra Dilma."

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