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Especialistas afirmam que o piloto tentou até o último instante parar o Airbus A320 da TAM, que fazia o vôo 3054 e se chocou contra o prédio da empresa em São Paulo. Eles suspeitam também de problemas de manutenção ou erro de projeto. A fabricante da aeronave divulgou aviso para companhias aéras sobre procedimentos de pousos sem um dos reversores. O comunicado e as avaliações foram divulgadas pelo Jornal Nacional após análise dos primeiros dados das caixas-pretas.

Os dados mostram que o avião se chocou a 175 km/h contra o prédio. Para dois consultores de segurança de vôo, essas primeiras informações praticamente afastam a hipótese de o piloto ter tentado arremeter. Segundo eles, a velocidade do avião no fim da pista era alta, mas não o suficiente para fazer o Airbus subir de novo.

Segundo a Aeronáutica, o pouso começou dentro da velocidade prevista: o Airbus A320, completamente lotado e com cerca de 62 toneladas, tocou o solo numa velocidade entre 231 km/h e 240 km/h.

Para os especilistas, as marcas da borracha dos pneus na pista reforçam a tese de que o piloto tentou, até o último instante, parar o avião. Para Fernando Crescenti, que também é piloto, as imagens sugerem que, no primeiro trecho da pista, o avião ganha velocidade em vez de perder. "A pista pode ter ajudado? Pode. Uma falha no freio, de repente? Pode. Certamente, o reverso direito pinado, se ele tivesse ativo, teria ajudado e muito também. Pode ter sido um fator? Pode", disse.

O consultor de segurança de vôo, Jorge Barros vai além. Suspeita que um erro de projeto da Airbus ou de manutenção da TAM no travamento do reverso possa ter feito com que a turbina direita tenha empurrado o avião para frente.

"Esse motor poderia eventualmente ter aumentado sua potência e ajudado esse avião a ganhar novamente velocidade, contrariando a tendência do motor esquerdo e, por essa hipótese, se justificaria a guinada que esse avião deu para esquerda. Justificaria a dificuldade dele reduzir velocidade é também a velocidade final que ele cruzou a cabeceira oposta."

Erro na operação

A TAM e outras empresas que voam com o A320 receberam um comunicado do fabricante da aeronave após a análise dos primeiros dados da caixa-preta do avião que se acidentou em São Paulo. A Airbus lembra que ao pousar sem um dos reversores, o piloto, antes de tocar o solo, deve colocar as alavancas que controlam a aceleração das turbinas na posição de ponto morto.

Segundo Mario Sampaio, representante da Airbus no Brasil, a empresa decidiu avisar os pilotos depois que teve acesso aos primeiros dados da caixa-preta. Ele afirmou que a Airbus não sabe se a alavanca do avião que explodiu estava na posição correta.

As manetes são semelhantes ao câmbio de um carro automático e quando estão na posição neutra cortam a aceleração do motor. Caso o piloto não respeite este procedimento, há um aviso sonoro na cabine.

Em 2004, um A320 só parou depois do fim pista do aeroporto de Taipei, em Taiwan. A investigação concluiu que o manete estava na posição errada, de aceleração. O perito Roberto Peterka afirma que o mesmo pode ter ocorrido com o vôo 3054. "O posicionamento da manete não acionou o computador para que executasse determinadas tarefas. Isso pode ter acontecido aqui? Pode. Não resta dúvida. É um dos fatores que vai ser investigado só que precisa comprovar se realmente isso aconteceu ou não. Essa comprovação está na caixa-preta", disse.

Defeito na turbina

Um Airbus da TAM fez um pouso não-programado para reparos em Londrina (PR), na noite de terça-feira (24). A aeronave viajava de Salvador para Curitiba. Os passageiros tiveram que encarar seis horas de ônibus para percorrer os 400 quilômetros finais da viagem.

O Airbus teve um problema na turbina direita. Uma das placas que fazem o revestimento externo se soltou. A companhia aérea diz que o avião vai ficar no chão até que seja feito um conserto definitivo. A TAM tem agora 60 aviões desse modelo.

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