O ex-doleiro Carlos Alberto Quaglia comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular parte do processo do mensalão contra ele e remeter o caso para a primeira instância. "Estava esperando, porque a argumentação da defesa foi impecável. Ela mostra que o defensor estava certo: eu não tenho nada a ver com isso", afirmou Quaglia na noite desta quarta-feira (15). Ele disse que agora vai esperar a "notificação da decisão".

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O processo será refeito desde a defesa prévia, em 2008. Argentino, Quaglia era o dono da corretora Natimar, que foi usada, segundo a Procuradoria, no repasse de cerca de R$ 3 milhões ao PP. Com a decisão do Supremo, a ação do mensalão passa a ter 37 réus. Os ministros acolheram os argumentos do defensor público Haman Córdova de que, do início de 2008 até o fim de 2010, Quaglia não pôde acompanhar 13 depoimentos, pois o STF notificava o advogado errado sobre as audiências.

Segundo ele, Quaglia avisou à Justiça Federal de Santa Catarina, em seu interrogatório em janeiro de 2008, que estava destituindo seu então advogado, Dagoberto Antonio Dufau. Tal informação, segundo a defesa, chegou ao STF e foi anexada aos autos um mês depois.Naquele momento, o réu passou a ser defendido por outro advogado, Aroldo Rodrigues, que nunca recebeu nenhuma intimação.

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Inicialmente, o relator Joaquim Barbosa foi contra porque disse que Quaglia agiu de má-fé, mas diante das avaliações de outros ministros ele voltou atrás e reformou sua tese.

Antes disso, Barbosa afirmou que Quaglia sabia do processo por que foi intimado pessoalmente e foi aos depoimentos. "É um típico caso em que um torpe pretende aproveitar da própria torpeza."

Revisor do caso, o ministro Ricardo Lewandowski apontou que o réu tinha direito de seu advogado participar das oitivas das testemunhas que o acusaram, e de ter convocado pessoas em sua defesa, especialmente na acusação de lavagem de dinheiro, acusação que se baseia em depoimentos. "Uma má-fé encampada pela Defensoria? Acho demasiado. Nunca vi", disse o revisor.

Perfil

Morando em Florianópolis, Carlos Alberto Quaglia afirma viver com um salário mínimo (R$ 622) de sua aposentaria por idade. "Trabalhei até 2005, quando começou o negócio do mensalão. Desde então, não consigo abrir uma conta em um banco. A minha empresa ficou completamente desqualificada", afirma.

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Segundo o ex-doleiro, sua vida profissional acabou depois do escândalo. Quaglia explica que, para complementar sua renda, faz traduções. "Mas não há muita demanda porque há cada vez mais livros editados em português."

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