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O senador Osmar Dias (PDT) nesta semana voltou aos noticiários ao se reencontrar com Roberto Requião (PMDB) na reunião entre o governador e a bancada paranaense no Congresso para tratar da multa de R$ 10 milhões que o estado paga mensalmente à União, em função de títulos "podres" do Banestado.

Os dois não se reencontravam há oito meses, desde os debates do segundo turno da eleição do ano passado. Eleição esta que ainda está bem viva na memória de Osmar, para quem a derrota por minguados 10.479 votos ainda precisa de um "drinque" para ser engolida. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, o senador analisa a eleição do ano passado, assume que é candidato ao governo em 2010 e também comenta a situação financeira do estado.

O senhor é candidato ao governo do estado em 2010?

Em 2006 fui candidato após uma convocação feita por partidos políticos e pela sociedade. Agora, estou trabalhando para merecer essa convocação novamente. Estou disposto a ser candidato sim. Mas só a minha vontade não basta. É preciso um partido forte e apoios de outros partidos. Estou reestruturando o PDT no estado. Em setembro, acaba o período de filiações (para as eleições municipais) e quero ter um partido consistente e com bons nomes, para ter um bom cenário de alianças políticas.

Qual seria esse cenário de alianças políticas?

Não quero fechar a porta para ninguém. Mas espero ter ao meu lado os partidos que já estiveram conosco em 2006, para consolidar a aliança. E o ano que vem, na eleição para prefeitos, tem de haver essa consolidação. A eleição de 2010 refletirá a de 2008. A população quer uma coerência política. Não permite mais que, de dois em dois anos, se mude uma linha política e as alianças. Os paranaenses sinalizaram que querem mudanças nos métodos políticos no estado.

Nesse quadro, o senhor quer ter o apoio do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Só que, segundos alguns assessores do prefeito, ele seria um pré-candidato ao governo...

O Beto tem legitimidade para pleitear a disputa. Mas acho que para ele é prioritário a disputa para a reeleição de prefeito. Agora, uma candidatura depende da conjuntura política e social do momento.

O senhor teve uma experiência ruim com o candidato a vice-governador em sua chapa no ano passado, o Derli Donin (PP), denunciado por vários atos ilegais. Quem seria um bom nome para ser seu vice em 2010?

Por aprender a lição, tenho de amadurecer uma aliança e a escolha. Concordo que, em 2006, defini em cima da hora minha candidatura e o PDT, ao lançar candidato a presidente da República, o senador Cristóvão Buarque, me tirou o apoio do PSDB e do PFL no estado. Mas há mais de 200 motivos para eu ter perdido a eleição. Não jogo a responsabilidade sobre o Donin, até porque ele está sendo inocentado dessas acusações.

Ainda falando de vice. O senhor, após as eleições, chegou a pedir a cabeça do vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), que, ao contrário de Beto Richa, apoiou Roberto Requião na disputa eleitoral. Como o senhor pretende apoiar o prefeito Richa na reeleição? A vaga de Ducci seria importante de estar à disposição?

Em 2004, apoiamos o Beto e o Ducci. Em 2006, o Ducci ficou com o meu adversário. Há aí uma diferença de postura. O PDT e os demais partidos desejam discutir a vaga de vice sim. Não sou intransigente, mas vamos buscar coerência.

O senhor disse que há mais de 200 motivos para ter perdido a eleição. O que faltou para o senhor vencê-la?

Faltou apoio dos prefeitos. Eles iam ao meu gabinete e declaravam que me apoiariam. Mas, na eleição, o meu adversário teve, segundo ele próprio, mais de 370 prefeitos ao seu lado. A pressão foi muito grande. E foi justamente nos pequenos municípios, onde a influência do prefeito é maior, que o Requião venceu a disputa. A máquina pública faz a diferença em uma reeleição. Por isso, sou contra a reeleição.

O senhor acha que atacou menos do que foi atacado?

Acho que as respostas aos ataques demoraram demais. Mas não me arrependo, por exemplo, de ter proibido que peças publicitárias da campanha contra a família do meu adversário fossem divulgadas. Queria ganhar a eleição com as minhas virtudes, não com a destruição do adversário. A eleição passa, mas as pessoas e as famílias ficam.

O senhor já assimilou a derrota para Requião?

Não fiquei e não vou ficar reclamando da derrota. E logo após as eleições, na semana seguinte, já estava trabalhando no Senado.

Mas o senhor ainda precisa de um "drinque" para ajudar a fazer descer a derrota?

É uma boa desculpa para tomar um "drinque", para ficar pensando onde foi o problema. Mas aprendi muito e nunca tive o desrespeito dos eleitores, nem dos que votaram no Requião.

Em 2010, o governador Roberto Requião sonha em ser candidato a presidente da República. O senhor acha que ele tem chances?

Prefiro não tecer comentários sobre isso.

E para ser candidato a senador, o Requião é favorito?

As últimas eleições mostraram que não existe essa história de franco favorito. Ele disse que ganharia a disputa no primeiro turno e não foi assim. Mas ele tem vantagens por ser governador.

Como o senhor avalia a atual situação do governo do Paraná?

Após eu ter sido adversário direto do atual governador, qualquer análise minha pode ser interpretada e carregada de dúvidas. Sou o menos autorizado para isso no momento. Por isso, prefiro não detalhar a crítica. Mas a situação está ruim e a análise tem sido feita pela população e pela mídia, que mostra o que está ocorrendo. Os fatos que têm ocorrido me levam a ficar muito preocupado. Todos os paranaenses estão preocupados.

O Paraná está quebrado financeiramente, pelo que o senhor tem analisado?

A situação apresentada na campanha eleitoral não é a verdadeira. O Requião disse para a população que o estado estava com dinheiro. Atualmente, diz que o problema não é financeiro, mas econômico. Será que antecipação de receita, principalmente no segundo semestre do ano passado, não prejudicou o estado? Será que concessões e isenções não impactaram a receita? A situação do estado financeiramente não é boa. Se fosse, haveria os 23 hospitais prometidos na campanha, as Estradas da Liberdade, o aumento para o funcionalismo público, o investimento dos 12% na Saúde – exigidos pela Constituição –, o transporte escolar melhorado. A população tem de ser informada da verdade. Nós, da oposição, até para ajudar, temos de conhecer a realidade do estado. Só que o governo e o governador não informam.

A multa de R$ 10 milhões mensais imposta pela União ao Paraná virou desculpa para a falta de investimento. A suspensão dessa multa salvaria mesmo o estado?

Essa multa não salva nem quebra o estado. Não dá para usá-la como desculpa. Mas estamos todos dispostos a ajudar nisso.

O senhor apóia Beto Richa à reeleição e o considera favorito. Quem seria o grande opositor a ele atualmente? A petista Gleisi Hoffmann?

Ela é uma candidata muito competitiva. E, inclusive, venceu as eleições para o Senado em Curitiba no ano passado.

O senhor acha que ela tem os votos ou o que houve foi uma rejeição ao nome do senador Alvaro Dias (PSDB), que a venceu por pouco?

Quem faz votos tem votos. Mas a disputa para o Senado é diferente de uma disputa para prefeitura de uma capital.

O senhor disse que é contra a reeleição. Mas o Beto Richa está indo para uma...

A reeleição, infelizmente, é uma instituição que existe. E o Beto é um bom prefeito.

Osmar Dias (PDT), senador.

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