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André Vargas, em foto de arquivo, tirada em fevereiro de 2014 | Roberto Custódio/Jornal de Londrina/Agência de Notícias Gazeta do Povo
André Vargas, em foto de arquivo, tirada em fevereiro de 2014| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Investigado pelo Conselho de Ética da Câmara, que pode aprovar nesta semana o pedido de cassação, o deputado André Vargas (sem partido-PR) disse não poder culpar a oposição pelo risco de perder o mandato. Na primeira entrevista após a revelação de que o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal, emprestou a ele um jatinho, Vargas afirmou que foi obrigado a se desfiliar do PT para proteger a presidente Dilma Rousseff e os candidatos do partido em São Paulo, Alexandre Padilha, e no Paraná, Gleisi Hoffmann.

"Sou uma vítima da pressa do PT", afirmou o deputado, que também renunciou à vice-presidência da Câmara, em abril. "A oposição está fazendo o papel dela. Nós, do PT, é que não fizemos o que era esperado", emendou, como se ainda fosse filiado. "Não pedimos o mandato dos tucanos que estão sendo investigados pelo negócio do cartel dos trens, em São Paulo."

Confira a entrevista:

O sr. voou em um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef e agora pode perder o mandato. Embora negue proximidade empresarial com ele, como explicar a troca de mensagens interceptada pela Polícia Federal, falando em independência financeira?

As aparências enganam. Aquilo que foi publicado é uma bravata do Alberto Youssef. Não fui eu que falei em independência financeira. Foi ele. Sociedade ele tinha com a Igreja (Segundo a Operação Lava Jato, o doleiro é sócio de um hotel em Aparecida, no interior paulista, construído em terreno da Igreja Católica). E isso não é ilegal. A Igreja confiou no Youssef do mesmo jeito que eu confiei ao tratar de um projeto importante, que era da Labogen. Cometi uma imprudência, não um crime.

O sr. era sócio de Alberto Youssef no laboratório Labogen?

Lógico que não. Youssef diz que um dos fundos (de investimento) dele era sócio.

Mas o sr. encaminhou representantes da Labogen ao Ministério da Saúde. Escutas da Polícia Federal sugerem tráfico de influência. Se não foi tráfico de influência, foi o quê?

Entre a PF sugerir e ter provas de que isso aconteceu vai uma longa distância. Eu entreguei o material deles (Labogen) para o ministro Padilha (Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e hoje candidato do PT ao governo de São Paulo) no meu gabinete e ele deve ter marcado uma reunião técnica. Encaminhei e acabou. É por isso que um mandato vai ser ceifado?

O sr. foi abandonado pelo PT após o escândalo. Quem mais o pressionou a se desfiliar?

Foi o presidente do PT, Rui Falcão. Ele entendeu que eu estava criando um problema para a campanha da presidenta Dilma e para as eleições nos Estados. O PT poderia ter me dado um tempo para provar que não existia nada mais do que uma viagem de jatinho. Sou uma vítima da pressa do PT.

Sua situação prejudica a campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná e a de Alexandre Padilha, em São Paulo?

Há o prejuízo de usar o episódio como se fosse corrupção, quando não é. Se o assunto for voo de jatinho, nós temos o caso do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Em 1998, ele andou no avião do Youssef. Agora, posso assegurar que não houve nada ilegal em relação ao contrato com a Labogen.

E por que foi suspenso?

Suspenderam por causa da repercussão. Luta política é assim. E o PSDB tem muito o que responder, não é? Viajar num avião de empresário é muito menos sério do que pegar dinheiro do povo e construir aeroporto na fazenda do tio.

O sr. está se referindo à construção do aeroporto na fazenda do tio do senador e presidenciável Aécio Neves?

Se Aécio fosse do PT, a oposição já teria pedido a cassação do mandato dele. E, do jeito que o PT é, teria entregue. Eu não posso culpar a oposição por pedir o meu mandato. A oposição fez o papel dela. Nós, do PT, é que não fizemos com a oposição o que era esperado. Não pedimos o mandato dos tucanos que estão sendo investigados pelo negócio do cartel dos trens, em São Paulo.

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