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De acordo com o ex-diretor, houve uma “briga política” no fim de 2006 para indicar um sucessor à sua posição em Abastecimento | Edilson Rodrigues/Agência Senado
De acordo com o ex-diretor, houve uma “briga política” no fim de 2006 para indicar um sucessor à sua posição em Abastecimento| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Em depoimento prestado nesta terça-feira (28) à Justiça Federal em Curitiba, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que, a partir de 2007, recursos desviados da diretoria de Abastecimento da estatal passaram a ser direcionados para o PSDB, o PT e o PMDB. Antes disso, a propina era repassada integralmente ao PP, partido que indicou Costa à diretoria.

Por prejuízo com refinaria, Cerveró deve ficar impedido de assumir cargos

A Comissão de Ética da Presidência da República aprovou nesta terça (28) uma censura ética ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

A sanção, que não tem efeitos imediatos mas pode impedi-lo de assumir cargos públicos no futuro, se refere à aquisição da refinaria de Pasadena, nos EUA, que causou prejuízos à Petrobras. O ex-diretor assinou um parecer favorável à aquisição, no qual deixou de informar o Conselho de Administração da Petrobras sobre possíveis problemas da compra.

Em delação premiada na Operação Lava Jato, outro ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que executivos da estatal receberam propina para executar a compra da refinaria, ou deixar de apontar problemas nela.

De acordo com o ex-diretor, houve uma “briga política” no fim de 2006 para indicar um sucessor à sua posição em Abastecimento. Neste processo, o PP foi obrigado a abrir mão de ser o único partido que dava apoio à diretoria, segundo Costa.

“Eu fiquei muito doente, em uma situação precária de saúde, fiquei uns três ou quatro meses afastado. Então houve uma briga política muito grande para colocar outra pessoa no meu lugar”, disse Costa ao juiz federal Sérgio Moro.

A partir de então, conforme o ex-diretor,“repasses pontuais” passaram a ser efetuados para o PSDB, o PT e o PMDB. A partilha da diretoria teria sido maior com o PMDB, com o qual Costa chega a dizer que o comissionamento [de propina] seria “de modo geral, de meio a meio”.

Segundo o ex-diretor, cerca de 1% dos contratos firmados por Abastecimento era repassado como propina. Desse total, 60% era enviado para os partidos políticos e 20% ao próprio Costa e operadores como Alberto Youssef e o ex-deputado José Janene. Outros 20% seriam destinados a despesas gerais, como emissão de notas fiscais.

O acordo com as empreiteiras teria vigorado até 2010, quando Costa teria tomado a iniciativa de convidar empresas de fora do cartel para participar de licitações. “Os processos estavam vindo excessivamente altos (...), forcei a barra com a diretoria ade Serviços, não foi fácil, mas em algumas licitações chamamos [empresas de fora do cartel]”.

O ex-diretor afirma que, dessas empresas convocadas, “algumas ganharam, outras não, algumas conseguiram fazer o contrário, outras não”.

Expansão e Produção

Costa também afirmou que os desvios da diretoria de Abastecimento eram “apenas a ponta do iceberg”. “Os maiores valores de desvios da Petrobras não foram na área de Abastecimento. Os grandes valores, os grandes orçamentos, (...) era da área de Expansão e Produção, que era a construção de plataformas e navios de processo”, afirmou.

A diretoria de Expansão e Produção corresponde a cerca de 65% do faturamento da estatal. Seus últimos diretores, Guilherme Estrela e José Formigli foram indicados pelo PT. Atualmente, a pasta é comandada por Solange da Silva Guedes.

Em depoimento de delação premiada, que virou pública este ano, Costa já havia afirmado que “em todas as diretorias que eram indicadas pelo PT, o dinheiro ia para o partido”.

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