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O ex-diretor da Área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa decidiu fazer delação premiada à Justiça | Daniel Castellano / Agência de Notícias Gazeta do Povo
O ex-diretor da Área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa decidiu fazer delação premiada à Justiça| Foto: Daniel Castellano / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Advogado deixa a defesa de Paulo Roberto Costa

Kelli Kadanus

O advogado Cássio Quirino Norberto deixou nesta sexta-feira (5) a defesa de Paulo Roberto Costa, um dos acusados nas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O advogado apresentou na manhã dessa sexta-feira (5) uma notificação à Justiça Federal informando sua saída do caso. O motivo não foi esclarecido.

Apesar de deixar a defesa de Costa, Norberto participou nessa sexta-feira (5) de uma audiência na 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba. Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, Norberto confirmou que deixou o caso, mas não quis comentar o assunto alegando que estava a caminho da audiência. Desde o fim da tarde, ele foi procurado novamente, mas não possível localizar o advogado.

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Jaime da Costa Gonçalves, Ardany Brasil da Silva Junior e Shelly Claro prestaram depoimento por videoconferência sobre a acusação contra Paulo Roberto Costa envolvendo a destruição de documentos.

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O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e citou que 32 deputados e senadores, um governador e cinco partidos políticos recebiam dinheiro de contratos fechados por ele na Diretoria de Abastecimento da estatal. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta sexta-feira (5), mas os nomes dos envolvidos no caso não foram citados. Segundo a reportagem, 3% de cada contrato da diretoria eram repassados a políticos.

O jornal Folha de São Paulo cita que a delação de Costa envolveria 12 senadores, 49 deputados federais e um governador na parte de sua delação premiada que trata de políticos, segundo a reportagem apurou. Os envolvidos seriam de três partidos, ainda de acordo com a apuração da reportagem: PT, PMDB e PP. Um dos citados é o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros. O doleiro Alberto Youssef teria se reunido com Renan, em Brasília, no início de março, para acertar a comissão do PMDB em um negócio envolvendo a empresa UTC Engenharia.

Paulo Roberto Costa teria dito ainda que havia uma espécie de cartel entre empresas fornecedoras da Petrobras para conseguir os contratos de prestação de serviços com a estatal. O esquema envolveria desde funcionários do terceiro escalão da empresa até a diretoria, além dos políticos. Costa foi diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012. Ele é réu em duas Ações Penais na Justiça Federal do Paraná, envolvendo a Lava Jato. Uma das acusações contra ele é de corrupção e a outra de destruição de documentos. Nesta quinta-feira (5), três testemunhas foram ouvidas na 13ª Vara Federal de Curitiba sobre o caso de destruição de documentos (leia ao lado).

Costa dizia na cela em que está preso na Polícia Federal em Curitiba que não teria eleições neste ano se ele revelasse tudo o que sabe. O depoimento chegou no começo desta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ministro Teori Zavascki homologue o acordo. Delação premiada ou colaboração com a Justiça é a figura jurídica que prevê a redução de pena quando um réu fornece informações que possam esclarecer outros crimes.

Costa decidiu fazer uma delação premiada no último dia 22, depois que a Polícia Federal fez buscas em empresas de suas filhas, de seus genros e de um amigo dele, todas no Rio de Janeiro. Em uma das empresas, a Polícia Federal encontrou indícios de que Costa tem mais contas no exterior.

Em junho, a Suíça comunicou as autoridades brasileiras de que Costa e seus familiares tinham US$ 23 milhões em contas secretas naquele país. O ex-diretor havia negado à polícia que tinha recursos no exterior.A existência das contas na Suíça foi o motivo alegado pelo juiz federal Sergio Moro para decretar a prisão de Costa pela segunda vez, em 11 de junho.

Costa também estava em pânico com a perspectiva de ser condenado a mais de 30 anos de prisão. A delação do ex-diretor da Petrobras é sigilosa e o teor de todos s depoimentos não foi revelado até agora.

A Folha de S.Paulo revelou que a prioridade dos procuradores da Operação Lava Jato era descobrir como o esquema de desvio na Petrobras alimentava políticos e como as empreiteiras operavam para fazer os recursos chegaram até os parlamentares.Costa foi responsável pela obra mais cara da Petrobras, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujo preço final pode ultrapassar R$ 40 bilhões. Segundo a Polícia Federal, os contratos eram superfaturados e o sobrepreço era repassado pelas empreiteiras ao doleiro Alberto Youssef. O doleiro, por sua vez, cuidaria da distribuição do suborno aos políticos.

O acordo prevê que o ex-executivo será colocado em liberdade quando encerrar os depoimentos. Ele deve ficar um ano usando tornozeleira eletrônica, em casa, no Rio, sem poder sair na rua.

Os depoimentos têm sido longos. No primeiro dia foram mais de quatro horas. Um advogado do Paraná que esteve com ele diz que Costa está "exausto, mas se diz aliviado". O ex-executivo teria demonstrado preocupação apenas quando soube que a imprensa noticiou a delação premiada. Seu temor é se tornar um "arquivo vivo".

Os depoimentos são todos filmados e tomados em uma sala na Custódia da PF em Curitiba. Ao final de cada dia os depoimentos são lacrados e criptografados pelo Ministério Público Federal, que os envia diretamente para a PGR, em Brasília. A PGR mandou emissário a Curitiba no início do processo de delação.

Lava Jato

Deflagrada no dia 17 de março, a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, desarticulou uma organização que tinha como objetivo a lavagem de dinheiro em seis estados e no Distrito Federal. De acordo com as informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), os acusados movimentaram mais de R$ 10 bilhões. Por enquanto, há dez ações penais em andamento na Justiça Federal decorrente das investigações.

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