
O depoimento do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró à Justiça está marcado para às 9 horas de hoje. De acordo com o seu advogado, Edson Ribeiro, Cerveró deverá falar somente sobre os motivos que levaram à sua prisão. A expectativa é que ele opte por não falar, no momento, sobre acusações de corrupção e lavagem de dinheiro da Petrobras das quais é acusado.
Pouco logo após a prisão de Cerveró, o advogado havia dito que seu cliente iria ficar calado no depoimento. "Desde o dia 1.º de abril de 2014, eu apresentei o Nestor Cerveró à Polícia Federal [PF] e ao Ministério Público Federal [MPF] para prestar depoimento. Nenhum dos órgãos o ouviu", disse Ribeiro ontem pela manhã. Porém, ao fim do dia mudou de posição após ter tido acesso à denúncia do MPF que motivou a detenção.
O advogado disse ainda que também ficará de fora do depoimento de Cerveró o suposto acordo que o ex-diretor da Petrobras teria com políticos do PMDB. Segundo as investigações, parte dos desvios de contratos da diretoria que comandava seria repassada à sigla por meio do lobista Fernando Baiano.
Como essa parte do processo envolve autoridades com foro privilegiado, deverá ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nova investigação
O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, do Paraná, determinou que a Polícia Federal do Paraná inicie um novo procedimento investigatório focado apenas nos crimes de ocultação de patrimônio que Cerveró teria cometido.
O ex-diretor já é réu em ação que apura corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cerveró teria recebido parte de propina de R$ 104 milhões pela compra de dois navios-sonda da multinacional Samsung Heavy Industries. A denúncia foi aceita pelo juiz Sérgio Moro em dezembro do ano passado. Na mesma ação responde o lobista Fernando Baiano, supostamente ligado ao PMDB.
Verba desviada pelo esquema pode ultrapassar R$ 73 bilhões
Reuters
As investigações da Polícia Federal (PF) sobre o escândalo que envolve a Petrobras podem encontrar o maior esquema de lavagem de dinheiro já registrado no país e apontam para suspeitas de participação de outras multinacionais, além das que já citadas (caso da Samsung Heavy Industries). Além disso, o valor desviado pelo esquema, inicialmente estimado em R$ 10 bilhões, possivelmente será muito maior.
A delegada da PF Erika Marena diz que a quantidade de dinheiro envolvido provavelmente será maior do que os US$ 28 bilhões (cerca de R$ 73,3 bilhões) registrados em transferências ilícitas entre 2003 e 2007 no caso Banestado, até hoje considerado o maior esquema de lavagem de dinheiro no Brasil.
"Se você for considerar o valor investigado, o valor da obra da Petrobras, com certeza o potencial da investigação é ultrapassar em muito esse valor", afirma Erika.
A Polícia Federal está trabalhando em meio a pilhas de documentos, incluindo uma lista de 750 projetos de infraestrutura que podem ter tido fundos desviados para contas bancárias no exterior, enriquecendo executivos, políticos e partidos.




