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De acordo com a Polícia Federal, Geddel Vieira Lima era o protagonista do esquema de corrupção. | Valter Campanato/Agência Brasil
De acordo com a Polícia Federal, Geddel Vieira Lima era o protagonista do esquema de corrupção.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Investigadores da Operação Cui Bono? (a quem beneficia?), deflagrada nesta sexta-feira (13) pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, sustentam que Geddel Vieira Lima, ex-ministro do presidente Michel Temer, era braço-direito do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba, em esquema para liberar empréstimos a empresas “dispostas a realizar negociações ilícitas”.

No pedido de buscas e apreensões enviado à Justiça Federal, a PF afirma que, valendo-se do cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, o qual exerceu entre 2011 e 2013, ainda no governo Dilma Rousseff, Geddel agia internamente, em ajuste com Cunha, para beneficiar as empresas suspeitas de pagamento de propina.

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A ele caberia fornecer informações privilegiadas para “outros membros do grupo criminoso”, que incluiria o ex-presidente da Câmara, o também ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto, que delatou o esquema na Caixa, e o operador do mercado financeiro Lúcio Bolonha Funaro.

Ente as empresas suspeitas de pagar suborno, segundo a Operação Cui Bono? estão BR Vias, Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários, Marfrig, J&F Investimentos S.A., Bertin, JBS Comporte Participações, Big Frango e Digibras.

As evidências contra Geddel surgiram em mensagens de um celular apreendido na casa de Cunha na Operação Catilinárias. Elas revelam diálogos entre Cunha e Geddel indicando, por exemplo, que “já tinham saído votos favoráveis às operações da Marfrig, de que os valores estavam liberados”.

Após essas conversas, a Marfrig repassou R$ 469,5 mil à Viscaya Holding, de Funaro, que seria um dos captadores de propina para Cunha.

O executivo da Marfrig à época dos fatos, Marcos Antônio Molina dos Santos, que pleiteava a liberação do dinheiro, está sendo investigado.

Marcos Roberto Vasconcelos, ex-vice-presidente de Gestão de Ativos da Caixa, cujo imóvel foi alvo de buscas nesta sexta, tinha “papel importante” na liberação dos créditos pretendidos por Cunha, Geddel, Funaro e Cleto.

Também são alvos da Operação Cui Bono? o servidos da CEF José Henrique Marques da Cruz, citado em algumas mensagens apreendidas pela PF como Henrique da Vigan (Vice-Presidência de Atendimento e Distribuição da Caixa). Esse setor, segundo a PF, exercia função essencial na liberação dos recursos, conforme mensagens trocadas entre Geddel e Cunha. Elas mencionavam as pendências de análise do “Henrique”, suspeito de ter “proximidade ilícita” com o grupo investigado.

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal, em Brasília, autorizou acesso a dados telefônicos, telemáticos, bancários e fiscais dos envolvidos, eventualmente apreendidos. Também permitiu buscas na vice-presidência de Tecnologia da Informação da Caixa, com o objetivo de esclarecer melhor como se dava o trâmite dos processos sob suspeita.

A ordem é apreender mídias e comunicações, por canais corporativos, dos envolvidos.

O magistrado sustenta que há “fortes indícios de que todas as pessoas relacionadas (na investigação) tiveram participação nos fatos que ensejaram as referidas irregularidades/ilícitos”, escreveu, na decisão que autorizou as medidas.

A operação apura crimes de corrupção, associação ou organização criminosa e lavagem de dinheiro.

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Origem

A Operação Cui Bono tem como origem um telefone celular apreendido em 2015 na residência oficial da Câmara quando Cunha ainda presidia a Casa.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, na Bahia, no Paraná e em São Paulo.

Segundo a Polícia Federal, uma perícia realizada no celular apreendido extraiu “uma intensa troca de mensagens eletrônicas” entre Cunha e “o Vice-Presidente da Caixa Econômica Federal de Pessoa Jurídica entre 2011 e 2013”. Geddel ocupou este cargo entre março de 2011 e dezembro de 2013.

As mensagens indicariam “a possível obtenção de vantagens indevidas pelos investigados em troca da liberação para grandes empresas de créditos junto à Caixa Econômica Federal, o que pode indicar a prática dos crimes de corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro”, de acordo com a PF.

O caso vinha sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi encaminhado para a Justiça Federal do DF depois que um dos investigados perdeu o foro privilegiado a deixar a função pública. Geddel deixou o cargo no mês de novembro de 2016.

Defesa da Caixa

A Caixa Econômica Federal informou que está em contato permanente com as autoridades em relação à Operação Cui Bono, em nota ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Afirma ainda que presta “irrestrita colaboração com as investigações” e que este procedimento continuará a ser adotado pelo banco.

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