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O município de Doutor Ulysses, criado em 1990, já se chamou Vila Branca. Mudou de nome em 1992 para homenagear Ulysses Guimarães –líder da Assembléia Constituinte que redigiu a atual Constituição – morto naquele ano. A mudança de nome já revela o desejo da cidade de ser mais que um ponto perdido no mapa de uma das regiões mais pobres do Paraná. Ainda assim, apesar de viverem a apenas 170 quilômetros de Curitiba, seus 12 mil habitantes pagam nos supermercados preços até 30% maiores que os cobrados na capital. Motivo? Para cruzar os 48 quilômetros de estrada de chão batido que separam Doutor Ulysses de Cerro Azul, até onde chega o asfalto, as transportadoras aumentam o preço do frete. Compreensível. Acidentes são comuns na estrada e, com chuva, as coisas ficam ainda piores. "Quando chove, é aquele horror", afirma José Dallavecchia, secretário de Agricultura do município.

Dallavechia está acostumado a ver acidentes e caminhões tombados na estrada, desperdiçando a carga de poncã e hortaliças, em cuja produção trabalham cerca de 5 mil pessoas. A produção é vendida na Seasa, em Curitiba, e para São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A viagem até Cerro Azul demora 50 minutos. Com chuva, aumenta para uma hora e meia. "Desse jeito, estamos perdendo dinheiro", reclama Dallavecchia. Dificuldades como essa explicam por que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Doutor Ulysses, de 0,627, é o segundo pior do estado, atrás apenas do de Ortigueira, que é de 0,620. O IDH médio do Paraná é 0,786.

Na vizinha Cerro Azul, a 122 quilômetros de Curitiba, a situação é parecida, mas começa a mudar: o asfalto chegou à cidade há três meses. O acesso mais fácil atraiu uma madeireira, que está se instalando do município e vai contratar 30 pessoas. "Já é uma boa notícia", diz o prefeito, Osmar Maia. Emprego é uma das grandes carências do município, ao lado da saúde.

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