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polêmica

Falta de dinheiro em campanhas reacende debate sobre financiamento eleitoral no Congresso

Volta de financiamento empresarial divide parlamentares. Maioria, porém, vê dificuldades em volta à regra antiga diante do escândalo da Lava Jato

Tema pode voltar a ser discutido caso a reforma política entre em pauta após anos de promessas de sair da gaveta. | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Tema pode voltar a ser discutido caso a reforma política entre em pauta após anos de promessas de sair da gaveta. (Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo)

A crise financeira que atinge a maioria das campanhas nas eleições municipais deste ano, as primeiras sem doações empresariais, deve reacender no Congresso Nacional o debate sobre financiamento eleitoral dentro da reforma política. Vivenciando o dia a dia das campanhas, líderes de partidos como PR e PTB voltaram a defender o retorno do financiamento empresarial.

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O tema, porém, é polêmico, e líderes de partidos como PMDB, PSDB e DEM, que eram favoráveis a esse modelo, dizem que será muito difícil retomar esse tipo de financiamento neste momento, diante das denúncias da Operação Lava Jato sobre corrupção envolvendo doações de empresas a partidos e políticos. O PT entende que o debate tem que ser feito, mas se opõe à volta de doações de empresa e quer ampliar o financiamento público das campanhas.

“Tem que reduzir o número de partidos, mas também voltar o financiamento das empresas. Prefeitos e vereadores estão desesperados, as contas não fecham. Financiamento público não resolve. Político tem que colocar a faixa na testa do segmento que representa. A eleição americana é assim”, defendeu o líder do PR, Aelton de Freitas (MG).

Líder do PTB, Jovair Arantes (GO) concorda que será preciso retomar o financiamento via doação de empresas. “Estamos num país capitalista, e querem fazer eleição socialista? Isso não vai virar. A gente copia tanta coisa dos EUA, por que não copiar isso deles também? Como ficou agora, causa desequilíbrio. Quem tem dinheiro gasta. E como ficam os que não têm? O laboratório feito nestas eleições municipais não funcionou, veja o tanto de denúncia. Está afetando a célula principal da democracia, que são os municípios.”

Caminho sem volta

Já o petista Carlos Zarattini (SP), um dos que tratam da reforma política no partido, concorda que o financiamento das campanhas será um dos pontos do debate depois das eleições, mas o partido é contra a volta das doações empresariais. Para ele, a Câmara deve criar uma comissão especial para debater a reforma política, focando em dois pontos: a redução dos partidos e o financiamento das campanhas. “Teremos que discutir o financiamento público. Do jeito que ficou, só quem tem dinheiro consegue fazer campanha. Devíamos nos concentrar nas propostas que reduzem o número de partidos e no financiamento”, disse Zarattini.

O líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), não vê chance da volta do financiamento empresarial, mas também entende que o debate sobre essa questão deverá acontecer. “O financiamento das campanhas passará por uma grande prova nestas eleições municipais, mas dificilmente voltará o modelo da doação empresarial. É um modelo que se desgastou. Mas não tenho ainda o modelo ideal, qual a melhor saída para que as campanhas aconteçam. É preciso discutir”, declarou o peemedebista.

O líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), afirmou que os partidos não se prepararam para campanhas com custos muito reduzidos. Ele admitiu que, sem o financiamento empresarial, são beneficiados candidatos ligados a alguns nichos, como evangélicos, comunicadores ou celebridades e políticos que já têm mandato, porque são mais conhecidos. Mas não acredita na volta da doação de empresas como solução.

“Foi um tratamento de choque, porque antes não tinha teto de financiamento e agora tem. A campanha eleitoral foi reduzida ao mínimo, do mínimo de gastos. Já temos o financiamento público e teremos que aprender a concorrer sem o financiamento empresarial”, disse Avelino.

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