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A Polícia Federal (PF) descartou nesta segunda-feira a possibilidade de a família Perrella ser responsável pelo transporte de 445 quilos de cocaína encontrados num helicóptero apreendido em terras capixabas, no dia 24 de novembro.

À TV Gazeta, afiliada da Rede Globo no Espírito Santo, o delegado Leonardo Damaceno, que investiga o caso e pretende concluir o inquérito até o dia 19 deste mês, disse que ligações feitas nos telefones das pessoas presas deixam claro que os donos da aeronave não têm ligação com a droga. A aeronave pertence à empresa Limeira Agropecuária, que tem como sócios o deputado mineiro Gustavo Perrella e a irmã dele, Carolina Perrella, entre outros.

Segundo as investigações, a droga encontrada no helicóptero veio do Paraguai. O delegado afirma que uma perícia feita no GPS da aeronave indica que o helicóptero esteve no país vizinho no dia 23 de novembro. Depois, os traficantes retornaram ao Brasil e esconderam a droga em algum lugar ainda não revelado no estado de São Paulo.

O helicóptero, sem a cocaína, foi guardado no Campo de Marte. No dia seguinte, a aeronave pegou a droga, fez uma escala em Minas Gerais para abastecer e seguiu para o Espírito Santo. Quando chegou à cidade de Afonso Cláudio, na região serrana capixaba, a Polícia Federal já estava esperando, à espreita. Foram presos o piloto, o co-piloto e dois homens que estavam no local. A polícia acredita que a drogra seria levada para outros países.

Os policiais já investigavam uma movimentação suspeita na fazenda que fica ao lado do local onde o helicóptero pousou. Segundo a investigação, essa fazenda foi vendida há pouco mais de um mês por R$ 500 mil. De acordo com moradores da região, o comprador é um homem conhecido como Hélio Rodrigues, que vive do aluguel de imóveis. Procurado pelo GLOBO, Rodrigues disse que não iria falar sobre o assunto. A polícia também quer descobrir como Hélio conseguiu o dinheiro para pagar a fazenda.

Em depoimento, o piloto da aeronave Rogério Antunes disse que agiu por conta própria. A Polícia Federal informou que ele recebeu R$ 106 mil para levar a cocaína. Ele era funcionário da empresa Limeira Agropecuária e também assessor parlamentar de Perrella na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O Ministério Público quer saber como o piloto conciliava o emprego com o cargo de assessor, e também se houve uso indevido de dinheiro público na compra do combustível.

Também em depoimento, o deputado mineiro Gustavo Perrela contou que foi avisado por uma mensagem no celular que o piloto faria um frete, mas que não sabia que era droga. A irmã dele disse apenas que não tinha conhecimento sobre o assunto. Na época da apreensão da aeronave, o deputado disse que o piloto contou que o piloto não tinha autorização para fazer o voo e agiu por conta própria.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o helicoptero do deputado não poderia ser usado para fretamento porque é registrado apenas para voos particulares. Para fazer este tipo de trabalho é necessário registro na categoria 'táxi aereo' ou 'serviço aéreo especializado'. A prática irregular de táxi-aéreo é uma infração ao Código Brasileiro de Aeronáutica e pode configurar crime conforme o código penal.

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