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Deputados, cientistas políticos e representantes da sociedade civil afirmam que a credibilidade do discurso de moralização adotado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), depende da maneira como a investigação do "caso Daru" será conduzida. A Gazeta do Povo mostrou em sua edição de ontem, com base em documentos da Receita Federal, que uma funcionária fantasma foi contratada por quase três anos no gabinete de Rossoni. A funcionária, Helle­­na Luiza Valle Daru, é mãe do diretor-administrativo da Assem­­bleia, Altair Carlos Daru, ho­­mem de confiança de Rossoni.

Em nota divulgada no site ontem, a presidência da As­­sembleia afirmou que "não irá recuar um milímetro sequer no processo de moralização e de transparência em curso na atual gestão" e que a denúncia "está sendo investigada pela Mesa Executiva e pela Procuradoria-Geral da Casa". O diretor-administrativo foi demitido por Rossoni na quinta-feira.

Controle

Para o sociólogo e cientista político Marco Rossi, da Universidade do Norte do Paraná (Unopar), o caso coloca em dúvida o discurso de mudança reafirmado por Rossoni. "Ele deveria ter um controle sobre isso [contratação de funcionários do gabinete]. É difícil acreditar que ele não sabia", afirmou.

José Lúcio Glomb, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR), acredita que a confiança nas mudanças implementadas pela Mesa Diretora dependerá da postura adotada no caso. "A presidência terá que fazer todo o esforço para apurar todas as irregularidades, em especial esta, para manter a própria credibilidade", defendeu. Opinião similar tem o deputado líder do PMDB na Assembleia, Caíto Quintana. "Sem dúvida, o caso vai exigir explicações e ações compatíveis, para que ele [Rossoni] não perca credibilidade".

Já o deputado líder da base do governo estadual na As­­­sem­­­bleia, Ademar Traiano (PSDB), acredita que o caso de Hellena Daru não interfere no trabalho da Mesa Diretora. "Nada vai mudar no processo de transparência. É um fato isolado", defende.

Fantasma

O "caso Daru" veio à tona depois que Hellena Daru enviou uma carta à Receita Federal admitindo que nunca esteve na Assembleia e que não recebeu "um centavo" da Casa. Apesar disso, documentos indicam que ela esteve registrada como funcionária entre janeiro de 2003 e junho de 2005 no gabinete de Rossoni. Ainda segundo o Fisco, a Casa depositou R$ 331,5 mil em salários numa conta do banco Itaú, cujo titular ainda não foi identificado.

Altair Daru era funcionário do deputado Rossoni há cerca de 20 anos. O presidente da As­­sembleia negou envolvimento no caso e prometeu rigor na apuração da denúncia. O ex-diretor Altair Carlos Daru foi novamente procurado para explicar a contratação da mãe e comentar sua demissão, mas não foi encontrado.

Temporariamente, o diretor-geral do Legislativo, Benoni Manfrin, acumula a função de diretor-administrativo. O substituto de Daru deve ser anunciado na próxima semana.

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