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A violência no Brasil só vai diminuir se o governo federal adotar medidas para tirar de circulação as armas vendidas no mercado negro e investir em segurança pública. A declaração foi feita ontem em Curitiba pelo presidente nacional da Frente Parlamentar pelo Direito à Legítima Defesa, deputado federal Alberto Fraga (PFL-DF). Ao lado de deputados estaduais e lideranças políticas que são contra a proibição do comércio de armas no país, Fraga participou no plenarinho da Assembléia Legislativa do lançamento oficial no Paraná da campanha pelo voto "não" ao referendo sobre a proibição do comércio de armas em 23 de outubro.

Para Alberto Fraga, é inadmissível ver o governo federal gastar R$ 500 milhões para promover um referendo para perguntar à população se deve ser proibida a venda de pouco mais de mil armas. Em 2004, segundo ele, foram vendidas no mercado legal apenas 1.044 armas de fogo no Brasil, enquanto outras 40 mil foram adquiridas no mercado negro.

O deputado também enfatiza que 87% das armas envolvidas em crimes são ilegais. "Não vai adiantar nada querer tirar as armas do cidadão de bem, que preencheu todas as exigências para poder comprar uma arma", alerta.

Outro argumento para convencer a população a votar pelo "não" é que o investimento em segurança pública na atual governo foi insignificante. "Havia uma previsão do Lula investir esse ano R$ 169 milhões, mas até agora, só foram liberados R$ 8,7 milhões", compara Fraga. Desde o início do mandato, os recursos destinados ao setor foram de R$ 369 milhões. "Como um governo que não oferece segurança mínima para a população quer tirar das pessoas o direito de se defender?" questiona.

Os integrantes do grupo também criticam a participação de atrizes e famosos nas propagandas da Frente Parlamentar por um Brasil sem Armas. "A Fernanda Montenegro é a melhor atriz do país, mas não entende nada de segurança. Como uma pessoa como a Angélica, que anda em carro blindado e não abre mão de seguranças particulares armados quer proibir os brasileiros que não têm esses privilégios de ter uma arma em casa para se proteger? É muita hipocrisia", disse o deputado Alberto Fraga, que também é coronel da Polícia Militar.

Maioria é contra

No Paraná, a maioria dos 54 deputados é contra a proibição do comércio de armas no país. Um dos coordenadores do movimento na Assembléia Legislativa, Élio Rusch (PFL), disse que o governo pode continuar recolhendo armas e convidando a população para que faça a entrega espontânea porque todos querem uma sociedade mais segura, mas não pode cometer uma arbitrariedade e contrariar a Constituição Brasileira. O eleitor, segundo Rusch, não poderia estar sendo obrigado a se pronunciar sobre um tema complexo como esse sem uma ampla discussão prévia.

O deputado federal, Abelardo Lupion (PFL), outro coordenador da Frente no Paraná, disse que todos os argumentos do grupo pró-desarmamento estão sendo "desmentidos" porque são inconsistentes e a campanha é equivocada.

O pefelista condena os gastos do governo na consulta popular e aponta outras prioridades. Como exemplo, cita a falta de vagas no sistema penitenciário de São Paulo. "Existem 120 mil marginais com mandado de prisão que não podem ser presos porque não existem cadeias. Eles estão nas ruas assaltando e matando e o governo está gastando R$ 500 milhões no referendo", comparou. "Além do mais, quantas armas dos bandidos vamos tirar de circulação se a venda for proibida?".

Para os integrantes da Frente, a opinião popular está se voltando contra o referendo. "As informações corretas estão chegando aos formadores de opinião e hoje a maioria pretende votar não", disse o deputado Alberto Fraga.

Apontada pela Frente por um Brasil sem Armas como a "bancada da bala" no Congresso Nacional, os parlamentares negam que estejam fazendo lobby para as empresas que fabricam armas e munições. Segundo Alberto Fraga, 11 deputados receberam cerca de R$ 400 mil em doações de campanha da indústria bélica, mas garante que a ajuda não tem relação com o posicionamento contra a proibição. O próprio Fraga afirma ter recebido do setor R$ 40 mil dos R$ 94 mil de despesas de campanha declaradas à justiça eleitoral. O presidente Lula (PT), segundo o presidente da Frente, foi outro que recebeu R$ 100 mil em doações para ajudar na sua eleição em 2002.

Para Alberto Fraga, a suspeita de lobby deve ser lançada sobre os defensores da outra frente, como a Organização Não-governamental Viva Rio, que teria recebido nos últimos anos R$ 94 milhões de entidades internacionais, ligadas à indústria bélica de outros países. "Eles sim têm interesse em acabar com as nossas fábricas e jogar os empregos no lixo", acusou.

Para Abelardo Lupion, essa não é uma guerra do bem contra o mal, mas uma campanha de "elucidação" onde quem vai fazer a escolha é a população.

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